A Mulher, a Maternidade e a Criança

A aventura do parto

Por: Dione Moraes Pavan

Antes mesmo de pensar em engravidar eu já sonhava com o parto. Queria muito que fosse parto normal. Engravidei no mês seguinte à decisão de parar com o anticoncepcional.

Logo na primeira consulta perguntei à médica se ela fazia parto normal e a resposta foi “sim, se estiver tudo bem” (hoje, sei que com isso eu já devia imaginar o que viria). A gravidez prosseguiu muito bem, os exames todos normais. Quando chegamos a 37ª semana o ultrassom indicou que o líquido havia baixado um pouco e que havia uma circular cervical de cordão. Conversei com a médica, a princípio ela me orientou que não havia problema com a posição do cordão mas que deveria me preocupar com o líquido e por isso deixaria uma cesárea pré-agendada para próxima semana (quando completaria 38 semanas). Ai começou minha angústia!

Eu não queria partir para uma cesárea a não ser que fosse realmente necessário, se tivesse algum risco para minha filha. Bebi muita, muita água! Na semana seguinte fiz novo ultrassom e o líquido tinha aumentado. Porém para minha surpresa, a médica me orientou a fazer a cesárea devido ao cordão. Decidi aguardar mais uma semana e a cesárea foi remarcada.

Nesta fase decidi procurar outras opiniões, pois apesar de ler muito sobre parto normal com circular de cordão, os questionamentos dos amigos, família e a cesárea agendada provocaram um grande estresse. Chorei alguns dias por pensar na cesárea desnecessária, porém meu marido e eu conversamos muito e concluímos que a decisão sobre o parto era nossa (é  óbvio, mas não era claro no momento).

Marcamos uma consulta para uma sexta-feira (a cesárea estava marcada para terça seguinte) com um médico indicado por algumas amigas e doulas. Adoramos a consulta, foi muito esclarecedora e tranquilizadora e então decidimos que aguardaríamos entrar em trabalho de parto, quando seria possível avaliar a necessidade ou não de cesárea.

Na terça seguinte tinha consulta de manhã e conversei com a médica a respeito de aguardar, porém a mesma disse que a conduta seria fazer a cesárea naquele dia mesmo, caso contrário ela não mais me acompanharia e não faria meu parto, me orientando a ir ao hospital de 2 em 2 dias para verificar se estava tudo bem com o bebê. Eu estava decidida, desmarquei e sai de lá mais tranquila do que cheguei. Imediatamente liguei no consultório do médico indicado e expliquei o caso, conseguimos uma consulta para o dia seguinte.

Novamente, a consulta foi ótima, ficamos muito tranquilos e confiantes na decisão tomada. Marcamos retorno para semana seguinte. Então, na sexta-feira fui ao Pro-Matre para realizar exames que deveria levar na consulta, passei a manhã toda lá.

Na sexta-feira a noite, comecei a sentir contrações, porém a dor era perfeitamente suportável e não estavam ritmadas. Logo as contrações começaram a  aumentar de intensidade. Tentei dormir um pouco. As contrações começaram a ritmar e cada uma era um pouco mais forte que a outra. De madrugada acordei meu marido pois sentia muita dor a cada contração. Não consigo descrever como foi importante tê-lo ao meu lado e o apoio que me deu (ele só me contou depois, mas disse que chorava escondido de mim). A cada contração eu apertava sua mão e ele me fazia massagem nas costas e ajudava a relaxar os ombros, além de marcar o tempo. Fui para o chuveiro algumas vezes, a água quente aliava muito a dor.

Logo cedo, ligamos para o médico. A essa altura as contrações estavam a cada 15 minutos e o doutor nos orientou que ainda não era hora. As 9h30 eu teria uma perícia médica de um concurso que havia passado, e como “ainda não era hora de nascer”, decidimos ir até lá. Sai de lá com contrações de 10 em 10 minutos, meu marido me buscou na porta do local e eu estava agachada na calçada.

Ligamos novamente para o médico pois estávamos próximo à maternidade, mas ainda não ia nascer, então voltamos para casa buscar a mala e no caminho avisamos os avós, que também seguiram desesperados para nossa casa. Em casa, entrei novamente no chuveiro, agora as contrações estavam a cada 8 minutos e decidimos ir ao hospital. Meus pais e meu marido me acalmavam durante o caminho a cada dor.

Chegamos ao hospital, eu e meu marido fomos direto ao pronto-atendimento, eu fui logo atendida, seguindo rapidamente para o consultório. O exame de toque mostrou 7 para 8 de dilatação, então fui preparada para subir ao centro cirúrgico. Ligaram para o médico alertando o adiantar do trabalho de parto. Meu marido foi orientado a deixar a ficha de internação e subir para se preparar, caso contrário não daria tempo de assistir ao parto.

A dor estava demais, cheguei a achar que não aguentaria mais, mas daí o anestesista aplicou a injeção nas minhas costas (com meu consentimento) e tudo ficou mais colorido! O médico chegou, eu fiquei mais tranquila ainda! Meu marido também entrou na sala, ele avisava nossos pais pelo celular tudo que acontecia. O doutor nos transmitia muita segurança e conversávamos “como se nada estivesse acontecendo”. A bolsa estourou espontaneamente, comecei a fazer força e logo minha princesinha nasceu (praticar Pilates facilitou muito neste momento, conseguia controlar a respiração e fazer a força no abdômen). Acompanhamos cada passo, eu pude sentir a cabecinha dela na minha mão quando estava quase nascendo, vimos quando o doutor tirou a circular de cordão do pescocinho dela e meu marido filmava tudo. Assim que ela nasceu, o doutor a colocou nos meus braços, um momento mágico!

O parto foi perfeito (segundo o doutor, ele só teve o trabalho de segurar a bebê), da maneira que sempre sonhei! Não foi feito episiotomia e no mesmo dia eu estava andando normalmente.

A recuperação pós-parto foi ótima. Hoje, a Lívia está com 1 ano e 7 meses, mas acredito que a lembrança do dia do seu nascimento sempre vai me emocionar muito.

Familia

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