A Mulher, a Maternidade e a Criança Amamentação Sem Mitos

Entrevista com Rosângela Alves (Sampa Sling) sobre os carregadores de bebês

Prestes a participar do II Encontro para a Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação, com a Slingada, Rosângela Alves deu uma entrevista para o Maternidade Sem Neura. Ela falou sobre a diferença entre os diversos modelos de slings e os carregadores tradicionais, como usá-los com segurança e, claro, sobre seus benefícios. E traz uma mensagem importante: “Eu acredito que os carregadores venham para facilitar tanto a amamentação como a formação de vínculo mãe-bebê ou pai-bebê. Ele traz vários benefícios não somente para quem é carregado, mas também para quem carrega“. Então, leia na íntegra a entrevista com a Rosângela.

rosangela

Carregadores e amamentação: o que essas duas palavras tem a ver uma com a outra?

R: Eu acredito muito que os carregadores são facilitadores de colo e também da amamentação. O fato do bebê estar no colo da mãe, em pleno contato, cria um vínculo muito mais forte, uma simbiose. E é mais fácil da mãe perceber quando o bebê quer mamar. É muito comum o bebê ficar batendo no peito, esfrega o rostinho, a boca e, automaticamente, a mãe oferece o peito. Ela não espera o bebê chorar, gritar para poder amamentar. Então eu acredito que os carregadores entram como um facilitador de colo e facilitador da amamentação… em todos os sentidos: o bebê fica próximo da mãe, a mãe tem uma liberdade de braços e consegue fazer várias outras coisas que ela quer fazer e consegue fazer uma livre demanda com mais eficiência. Então o bebê está ali no colo, ele se manifesta e ela oferece o peito. Aí outras coisas, como trocar uma fralda, tornam-se secundárias e fica em primeiro plano a amamentação. Então eu acredito mesmo que seja um facilitador de colo e de amamentação.

Além da amamentação, quais outros benefícios da utilização dos slings?

Os benefícios dos carregadores são muitos. Tem, em primeiro lugar, o fortalecimento de vínculo mãe-filho, a mãe desenvolver uma sensibilidade mais aguçada e perceber as necessidades do bebê. O bebê desenvolve com mais facilidade suas expressões porque ele está ali em contato com a mãe: ele tem uma visão melhor do mundo por causa desse contato com a mãe, com suas expressões, sua voz, pelo seu movimento de corpo. Os carregadores aquecem o bebê a uma temperatura que seja adequada a ele e a mãe tem uma troca de calor bem bacana e isso regula o intestino do bebê, ele fica mais calmo, mais tranquilo, reduz a incidência de cólica, regurgitamento, além de facilitar a amamentação porque o bebê está ali próximo e ele mama mais vezes. Ele se sente mais protegido, a mãe se sente protegendo e ela tem uma percepção maior do bebê, das suas necessidades.

Para quem está começando a se aventurar com os slings, quais os cuidados básicos necessários?

Os cuidados básicos necessários em relação ao bebê com os carregadores são vários. Primeiro, tem a percepção da mãe. A mãe precisa perceber se o bebê está bem colocado, confortável. Ela tem que se sentir confortável usando um carregador e estando com o bebê dela no carregador. A partir disso, a gente tem umas premissas básicas de segurança. O rosto do bebê precisa sempre estar visível. A mãe precisa ter uma visão do rosto do bebê. O bebê deve estar sempre em uma altura que seja favorável a um beijo, para ele não ficar nem muito baixo nem muito alto e ela consiga movimentar bem o seu pescoço. Esse bebê não pode estar com as pernas penduradas viradas para a frente. Ele precisa estar com o quadril encaixado, da mesma forma como quando a gente pega um bebê e o coloca para arrotar… Ele fica parecendo uma bolinha. Ele precisa estar virado para a mãe, protegido. Principalmente nos três primeiros meses, é preciso respeitar a posição uterina, fechadinho. A troca de calor é muito importante para o bebê nesses três primeiros meses. Então a mãe tem que se perceber usando o carregador. Isso é muito importante. E ela se sentindo segura, ela passa essa segurança para o bebê. É o que eu sempre falo: a simbiose entre mãe e bebê é muito forte e importante nos primeiros meses. Conforme o bebê vai  crescendo, ela vai percebendo como ele fica bem.

O que diferencia os slings de outros carregadores?

Hoje em dia, os facilitadores de colo, ou seja, os slings chamados de modernos, como o sling de argola, o sling wrap, o canguru ergonômico, são carregadores que chegaram com uma proposta diferente de carregar, pois respeita a estrutura física do bebê de forma ergonômica. Então, a diferença com o carregador tradicional, que é o canguru tradicional, é respeitar o desenvolvimento do bebê.

Hoje em dia, mais famílias estão incorporando os slings em seus enxovais. E, como será usado para carregar o bebê, ele deve ter segurança. Como saber se estamos fazendo uma boa compra?

Hoje em dia, os carregadores são mais aceitos. Antigamente, quem usava era olhado como estranho. Hoje em dia, é considerado por algumas pessoas como modinha. Mas não é isso! Ele é um acessório milenar. Eu retornei a pouco do Peru e os carregadores de lá, que são os aguayos, são usados com maestria. Os bebês são carregados desde o nascimento até uns oito meses inteiros no carregador e, após essa idade, eles são carregados com as pernas para fora, tanto na horizontal como na vertical e isso é algo cultural deles. Então, em vários lugares, os carregadores são utilizados no dia a dia das mães para estarem com os seus bebês e para poderem realizar outras atividades, para elas continuarem ativas dentro da comunidade. Então, hoje os carregadores são muito mais aceitos. Você vê as pessoas usando. Tem bastante informação… você encontra bastante vídeo bacana no Youtube, mas você também encontra vídeos que não são legais. O importante é saber a procedência do carregador, procurar comprar de empresas que estão há algum tempo no mercado, que você consiga encontrar fácil essa empresa, que ela tenha CNPJ, endereço, telefone, que você consiga ter vídeos que te oriente, mas que você também tenha espaços onde você consiga buscar orientação. O importante é que você faça uma compra segura e que você se sinta segura para usar. Se, de repente, você tem uma dificuldade de usar um carregador, venha em uma slingada, que é um evento aberto e gratuito, e você vai aprender a usar. Independente de marca e procedência, a gente vai estar lá para te orientar.

Quais os principais modelos de sling e diferença entre eles?

Hoje em dia, a gente tem vários modelos de carregadores de bebê. Cada um dá para usar em uma determinada idade do bebê. O sling de argola é um carregador que dá para você usar desde o nascimento até a criança atingir uns 30 quilos. Ele pega um ombro só e ele é mais versátil, porque você faz uma trava como a de cinto e você usa com segurança. Tem o sling wrap que é um tecido comprido que, amarrado ao corpo, transforma-se em um carregador. Você consegue usar de 0 a 20 kg e ele distribui o peso nos dois ombros e é um modelo bastante usado no Brasil. Tem o sling tipo pouch ou soft, que pode ser usado em bebês de 0 até cerca de 1 ano e meio. Ele não tem ajuste e muitas vezes as mães preferem usá-lo por isso… É só colocar no corpo e ir para o mundo. Tem o canguru ergonômico ou a mochila ergonômica, que você pode usar a partir dos cinco meses. O bebê já deve estar quase sentando, ele precisa estar mais estruturado. Você consegue usá-lo até cerca de dois anos. É um canguru em que o bebê se senta nele: o quadril fica apoiado e as pernas mais elevadas elevadas. Então, ele não fica pendurado no carregador e é ótimo para grandes caminhadas com o bebê, pois ele fica bem posicionado. É um carregador que os pais preferem usar porque é mais fácil de usar. Existe também o carregador Sampa Chila Toodler, que é para a partir dos 18 meses até próximo dos cinco anos. Ele também é ergonômico e posiciona melhor a criança grande. Esses são os cinco carregadores mais usados, mas também existem outros modelos usados como o fast wrap, que é uma versão simplificada do wrap, e o mei tai, que é um carregador que parece uma mochila, mas precisa de uma amarração.

 

 

 

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