Alimentação e Nutrição Infantil

O que há dentro desses potinhos?

Papinhas industrializadas são vendidas em vários estabelecimentos como sinônimo de praticidade e alimentação equilibrada para os bebês.

Nesse texto, vamos trazer algumas informações importantes sobre elas. Não vamos dizer se devem ou não ser consumidas, quanto ou quando podem ser oferecidas. Essas decisões devem vir por parte da família.

Vamos começar falando da textura:

Se a família opta por oferecer alimentos na forma de papinha, o ideal é que ela seja amassada com a ajuda de um garfo, sem precisar liquidificar ou peneirar. Também não há necessidade de se adicionar água, pois sua consistência ideal é a de um purê bem firme. Se olharmos para a maioria das papinhas industrializadas, elas praticamente têm a mesma textura, tendo alguns pedacinhos a partir das versões acima de 8 meses. Elas também são mais pastosas. Essas características não estimulam a mastigação pelo bebê, dado que, mesmo sem dentes, ele é capaz de amassar os alimentos com a gengiva. Sentir os pedacinhos dos alimentos e as diferentes texturas e sabores também ajudará o bebê, no futuro, a aceitar diferentes alimentos e em pedaços maiores. Uma consistência mais firme, por sua vez, proporcionará um teor energético e nutricional maior.

Outros pontos a serem discutidos são os ingredientes e o valor nutricional:

Para isso, é importante saber que, nas listas de ingredientes existentes nos rótulos, os itens aparecem em ordem decrescente de quantidade, ou seja, o que vem em primeiro lugar, prevalece em relação ao segundo é assim por diante.

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Nessa papinha sabor “espaguete à bolonhesa”, o primeiro ingrediente é a água. Depois, temos a cenoura e, então, a carne, batata e macarrão. Se fizermos esse mesmo prato em casa, provavelmente, a sequência seria diferente e predominaria macarrão, carne e tomate. A água justifica a consistência pastosa que já citamos acima. Na maioria das papinhas das marcas mais famosas, ela aparece dentre os primeiros ingredientes. Já a batata sequer seria esperada nessa receita. Além disso, pode-se ver que há adição de amido e de farinha de arroz, dois componentes estranhos à uma massa à bolonhesa. Eles, certamente, compensam a textura em função da quantidade de água do produto e, também a quantidade de energia (calorias) dele, mas somente adicionando os carboidratos que existem na farinha e no amido. Proteína, ferro e algumas vitaminas não serão fornecidas em maior quantidade pelos alimentos que fazem parte do produto. Por isso, inclusive, há a fortificação com o lactato ferroso.

Vamos, agora, ver essa papinha de ameixa.

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Nela, além da ameixa, consta maçã, suco de maçã, amido e farinha de arroz. Novamente, há diversos ingredientes que não são necessários para uma papinha de ameixa. A maçã e o seu suco, por serem adocicados, vão alterar o sabor da papinha. O sabor doce, naturalmente, é melhor aceito pelo nosso paladar. No caso do bebê, se oferecermos alimentos sem adição de algo que o torne mais doce, estamos ajudando a, no futuro, ele aceitar melhor alimentos com sabores mais amargos e azedos. A farinha e o amido, como na papinha anterior, darão a consistência e mais energia ao produto. Uma ameixa apresenta cerca de 50 kcal e 2,5 gramas de fibras. Essa papinha tem 84 kcal e 1,8 gramas de fibra.

Uma diferente marca traz uma outra versão de papinha de frutas:

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Nela, o primeiro ingrediente é a água, como as outras. Depois, temos o açúcar e amido modificado. Na sequência, aparece a banana, a única fruta cuja polpa é utilizada, pois as outras estão na versão de suco. É importante fazer uma consideração sobre o açúcar, que é um ingrediente cuja recomendação é evitar para menores de dois anos (e esse é o público para o qual essa papinha é destinada). Por não ter frutas, o valor nutricional é também corrigido com a adição de carbonato de cálcio e vitaminas.

Com base nesses três exemplos, um último ponto vale ser discutido: o preço.

As papinhas com tamanho menor custam em torno de 4 reais, enquanto que os potes maiores passam dos 9 reais. Pensando que essas papinhas oferecem vários alimentos comuns e com custo relativamente baixo, podemos observar que o processo de industrialização as tornam bastante caras. Uma ameixa custa aproximadamente 1 real. Uma banana pode custar menos de 40 centavos. E, então, vale a pena?

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