Alimentação e Nutrição Infantil BLW e Alimentação Complementar

Quando o bebê não quer ficar na cadeira para comer

Entenda, neste texto, os motivos que levam um bebê a não querer ficar na sua cadeira no momento da refeição e, principalmente, como agir!

Quase que diariamente, recebo famílias para orientar quanto à alimentação infantil, especialmente sobre a realização da alimentação complementar.

Um dos pontos que trabalho é, sem dúvidas, a questão da segurança. Para um bebê ficar sentado à altura da mesa, ele precisa estar bastante seguro para evitarmos qualquer acidente. Esse é um dos motivos para escolhermos uma cadeira adequada.

Porém, passam-se alguns meses e não é rara a reclamação de que o bebê não quer mais ficar sentado. Geralmente, isso acontece quando ele começa a andar. Ai é um tal de pai e mãe ficarem correndo atrás da criança com o prato nas mãos na tentativa de que esse bebê coma alguma coisa!

Bebê com descendência oriental com camiseta listrada, preso em um cadeirão, fazendo careta.

É sobre isso que vou tratar hoje!

Primeiro, quero te propor um exercício. Coloque-se no lugar do bebê. Imagine você sentado fora do alcance do chão (aliás, em uma altura em que você não tem condições para se safar sozinho) e amarrado. Você ficaria à vontade para comer tranquilamente?

Leve em conta outra variável super importante: você acabou de aprender a fazer algo bastante complexo e que te dá uma independência que até então não tinha, que é andar. Todo bebê, quando adquire uma nova habilidade, quer explorá-la quase à exaustão. E andar é uma das mais importantes conquistas para essa fase.

Todo esse contexto faz com que o bebê não se anime muito para ficar contido em uma cadeira. Ele passa a criar dificuldades para se sentar ou, mais frequentemente, insiste muito para sair. A refeição vira um caos!

O cinto da cadeirinha, nos primeiros meses, é muito importante pela questão de segurança e o bebê, inclusive, acaba gostando dele porque o ajuda a permanecer em uma posição na qual ele ainda não tem completo domínio. Aos poucos, você pode abrir mão desse cinto, ainda mais porque sempre falo que um bebê nunca deve ser deixado sozinho no momento da refeição.

Porém, somente isso pode não ser suficiente. Talvez seja o momento de providenciar uma mesa baixa para que o seu filho tenha como alternativa no momento da refeição. Talvez seja o momento para que A FAMÍLIA recrie as formas de se alimentar e, inclusive, faça algumas refeições em superfícies mais baixas.

Não! Isso não significa que todos devem abdicar da mesa tradicional das refeições em função do bebê, mas ter uma flexibilização pode ser mais prazeroso para todos. Você pode, também, dar opções ao seu filho: ele pode escolher entre sentar à mesa com vocês ou comer por perto em uma mesa mais baixa.

E, se mesmo assim, o bebê não comer? Famílias me perguntam se tem problema levar a comida até ele (a tal cena do adulto correndo com o prato atrás da criança) ou se insistir com a refeição algum tempo depois quando a criança estiver mais calma seria adequado.

Vamos lá! Ficar atrás com a comida pode deixar a família com uma sensação de maior tranquilidade, mas, no fundo, essa família está incentivando que a criança não esteja mais tão atenta aos seus sinais de fome. Ela vai comendo distraída, sem perceber o que comeu porque sempre a comida “brota” à sua frente! Você resolve momentaneamente uma questão nutricional (que pode ser resolvida de outras formas) e cria um problema maior para o futuro. Já a ideia de ficar oferecendo mais tarde a refeição (ou deixar o alimento disponível por mais tempo) dificulta o aprendizado da criança sobre o que é uma refeição e como é rotina da família. Se ela recebe a mensagem de que um almoço pode durar mais de uma hora ou se esse almoço reaparece mais tarde, como uma mágica, ela compreende que pode continuar sua exploração do ambiente e comer em outros horários. Porém, essa criança já começa a ter condições de compreender que, se ela opta por perambular pela sala em vez de comer, a comida esfria e a refeição acaba, ou seja, ela passa a perceber as consequências dos movimentos que faz. Ela perdeu o almoço.

Isso não tem nada a ver com punição! Se essa criança mostra que está com fome logo em seguida, problema nenhum lhe oferecer comida! Mas, comunicando-se adequadamente com ela, vamos mostrando como que a família dela funciona. Com respeito e com carinho, ela tem condições de aprender isso e, ao mesmo tempo, aproveitar essa fase tão gostosa de conquista da independência!

Conheça o trabalho da nutricionista Viviane L. Vieira de orientação das famílias!

Leave a Comment