No início da semana, postamos o primeiro texto falando sobre as famílias e a frequência em restaurantes com seus filhos. No post de hoje, vamos falar sobre o menu infantil. Muitos restaurantes oferecem essa opção especialmente às crianças. Mas será que os pais realmente aprovam o que os estabelecimentos elegem como sendo ideal aos pequenos?
Vamos falar do primeiro quadro. Já começamos vendo que a maioria das famílias raramente ou nunca escolhem alimentos do menu infantil. Dentre os entrevistados, somente 5,7% optam sempre pelo menu infantil. Questionados sobre os motivos da rejeição, 58,1% consideram que contêm opções pouco saudáveis. Os pais também contaram que o menu infantil não possui itens que são rotina das crianças, não lhes agradavam pais ou, então, apresentavam preço incompatível.
Dentre as famílias que já escolheram alguma vez o menu infantil, na última vez, o prato continha: verduras e legumes, em 32,2%, macarrão ou similar, em 31,1% e frituras, em 28,9%.
Podemos observar contradições entre as preferências dos pais e o que é realidade nos restaurantes, tal como consta no quadro abaixo. Levantamos os menus infantis disponíveis no site dos restaurantes citados pelos entrevistados. Enquanto a maioria das famílias valoriza saladas, preparações com verduras e legumes, arroz com feijão e pratos com cereais integrais, eles pouco aparecem como opções nos menus infantis. Por outro lado, há grande rejeição por batatas fritas e alimentos muito salgados, mas eles aparecem em mais da metade dos pratos disponíveis às crianças. Talvez isso justifique a baixa adesão das famílias aos menus infantis e, também, a procura pelas famílias por verduras e legumes e arroz com feijão, tal como relataram ter escolhido na última visita a um restaurante. Interessante verificar que quase 1/4 dos pratos são constituídos por sanduíches. Mesmo não consumindo com frequência e encontrando itens que não são esperados, a maioria (53,8%) é a favor da existência dos menus infantis. Dependendo do tipo de restaurante frequentado, como um fast food, ele pode ser uma opção “menos pior” do que as contidas no cardápio dos adultos. Também tende a ser uma porção menor comparada a um prato tradicional.
Alguns pratos dos restaurantes analisados apresentaram opções fora do tradicional, como batatas assadas, mix de castanhas e saladas de frutas, mas não é isso que se verifica na maioria dos lugares. Alguns alimentos que, nutricionalnente, não combinam com crianças, como hambúrgueres, refrigerantes e frituras, são mais comuns do que um simples arroz com feijão. Há, também, baixa variedade entre os tipos de alimentos: são 87,9% dos pratos analisados contendo somente um ou dois grupos de alimentos diferentes. Em geral, os pratos possuem um ou mais alimentos ricos em carboidratos, como macarrão, pão, batata ou arroz, e algum tipo de carne, seja in natura ou processada.
Daí, surge uma outra reflexão: quanto que esses pratos reduzem as possibilidades de experiências alimentares de uma criança? Claro que é mais fácil de manter uma criança quieta com um prato com fritas ou um macarrão, mas também estamos tirando dela a oportunidade de conhecer outros alimentos, modos de preparo e temperos. É muito triste (algo que eu vi) encontrar, em um restaurante português, arroz, batatas smile e bife, como sendo a comida da criança. Quanto mais distanciamos os pequenos dos alimentos disponíveis, de forma geral, mais estamos incentivando suas aversões e dificuldades de que experimente o novo. Vale muito mais criatividade por parte dos chefs e cozinheiros e menos medo por parte dos pais!