Sinais de prontidão vêm sendo muito falados como algo importante para ser observado quando o bebê está próximo de iniciar a alimentação complementar. Algo que deve facilitar a vida de muitos pais e cuidadores também pode gerar dúvidas. Afinal, o que é um sinal de prontidão? Ele substitui a recomendação da OMS de se iniciar a alimentação complementar ao sexto mês?
Vou tirar suas dúvidas sobre os sinais de prontidão nesse texto!
A recomendação de que um bebê deve se manter em aleitamento materno exclusivo (sem água, chás, sucos e outros alimentos) por seis meses permanece verdadeira. Não sei se isso é óbvio para você! Muitos profissionais ainda orientam famílias a iniciar a alimentação complementar antes sob diversos (falsos) argumentos. Ganho de peso inadequado ou volta ao trabalho s$ao alguns deles. Tem um vídeo nosso que fala, inclusive, sobre isso!
Os sinais de prontidão se somam à recomendação da OMS. Como os bebês não são iguais entre si, pode ser que alguns deles já estejam prontos no momento em que tiverem 6 meses. Porém, outros não. Aí, não adianta ter 6 meses e não ter um organismo realmente preparado para receber um outro alimento, além do leite. Quando estamos falando em BLW, os sinais de prontidão são fundamentais. Mas, inclusive, quando um bebê será alimentado (por papinhas), já notamos diferença quando a família espera, de fato, o bebê estar pronto.
O primeiro sinal a ser observado é o bebê conseguir ficar sentado com o mínimo de apoio.
Um adulto, no momento da refeição, fica ereto, normalmente sentado. Isso favorece todo o processo de digestão. Para o bebê, isso também é válido, com um argumento a mais. Sentar-se confere mais segurança à alimentação dele. Um bebê que não está sentado adequadamente pode perder o controle do alimento que está dentro de sua boca e engoli-lo antes de estar preparado para isso. Então, iniciar a alimentação complementar antes do bebê conseguir se sentar aumenta o risco de engasgos! Esse bebê precisa ter as mãos livres e pode ter um pouco de apoio nas suas costas, como uma almofada. Mas ele não pode estar escorado de todos os lados para não tombar. Tampouco, pode ser alimentado semi-sentado, como em um carrinho.
Outro sinal de prontidão é quando o bebê leva objetos à boca.
Dentro de uma ação tão simples já devem ficar implícitas outras habilidades. Esse bebê deve segurar objetos com firmeza e, inclusive, fazer a troca de mãos. Ele, ao levar algo à boca, faz movimentos de sugar e de roer. Quando é nítido esse sinal de prontidão, há maior probabilidade do bebê conseguir levar um alimento à boca e tentar retirar pedaços dele.
Basicamente, esses são os sinais que precisam ser observados!
Também falamos de outros, mas que valem algumas observações.
A protrusão da língua é uma característica marcante dos bebês pequenos. Nada mais é do que a língua projetada levemente para fora da sua boca.
Ela é super importante, inclusive, para o início da amamentação, pois facilita que o bebê sempre esteja pronto para mamar. Além disso, faz com que o bebê “expulse” qualquer outro objeto que seja colocado à sua boca. Vocês já viram um bebê com três ou quatro meses sendo alimentado? Geralmente, ele empurra para fora o alimento com a língua. Essa língua provavelmente também mostra uma característica fisiológica dessa criança. Ela ainda não tem tônus suficiente para realizar alguns movimentos com a língua. Geralmente, em torno do quarto mês, a protrusão da língua deixa de existir. Então, normalmente ela some antes de um bebê conseguir se sentar. Por isso, não a utilizamos como sinal de prontidão. Outro motivo para não ser usada é que, muitas vezes, essa protrusão é tão sutil que só conseguimos percebê-la quando tentamos introduzir algo na boca do bebê. E esse, com certeza, não é o caso!
Porém a característica que mais nos deixa ansiosos para iniciar a alimentação complementar é outra. O interesse que os bebês passam a mostrar quando nos veem comendo enlouquece as famílias.
É a típica situação do bebê que avança no nosso prato quando tem a primeira oportunidade. Ou ele dá um tapa no nosso copo de água que estamos bebendo. É ótimo ver o bebê interessado pela alimentação, mas ele não está interessado, de fato, pelo que representa a alimentação. Ele está interessado na nossa ação de comer. Imagine como deve ser surpreendente ver que fazemos um objeto vermelho, como um morango, sumir na nossa boca! Ele quer nos copiar, como também vai querer imitar quando escovamos o cabelo ou lemos um livro. Isso ajudará a comer quando ele estiver pronto, mas não determina que esteja pronto.
Para finalizar, uma última dúvida que ouço bastante. Se um bebê mostra todos os sinais de que está pronto e ainda não completou seis meses, podemos começar a introdução de alimentos sólidos? Desconheço bebês prontos muito antes do sexto mês. Geralmente, será com 5 meses e 15 ou 20 dias, ou seja, bem próximo do sexto mês. Mais importante do que isso é pensar que, no BLW, é o bebê quem decidirá quando ele vai começar. Ele pode ser levado à mesa desde quando mostrar-se pronto e até pode brincar com os alimentos, mas não necessariamente ele irá comê-los. Assim, os sinais de prontidão caminham junto com a recomendação da OMS que, por sua vez, foi definida observando até que momento o bebê se beneficia do aleitamento materno exclusivo.