Diversos produtos são oferecidos no mercado como opções para bebês que não tomam leite materno. Mas será que eles são realmente adequados? Quais as diferenças entre eles?
Geralmente, esses compostos são baseados em leite de vaca. O leite de vaca difere do humano em diversos aspectos:
- Menor teor de lactose, vitamina C e ácido fólico e maior teor de eletrólitos, como sódio, cloro e potássio no leite de vaca.
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A qualidade das proteínas do leite humano também difere em relação ao leite de vaca. Para o leite humano, as proteínas do soro correspondem a cerca de 60 a 80% do teor protéico total, com predominância da alfa-lactalbumina, necessária para a síntese de lactose. Para o leite de vaca, as proteínas do soro correspondem a 18% do teor protéico total, com predominância da beta-lactoglobulina, que tem sido responsabilizada pelas alergias ao leite de vaca. A caseína constitui cerca de 20 a 40% da concentração protéica total do leite humano e cerca de 80% para o leite de vaca.
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Os lipídeos do leite humano são mais facilmente digeríveis.
Para ficar mais próximo ao leite humano e tentar atender às necessidades nutricionais do bebê, as principais modificações que a indústria realiza são relacionadas à redução do teor de proteínas e de eletrólitos, substituição de parte dos lipídios por óleo vegetal, adição de outros carboidratos (maltodextrina, sacarose, lactose) e adição de vitaminas e minerais.
Segundo o Regulamento Técnico para Fórmulas Infantis para Lactentes e Fórmulas Infantis de Seguimento para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, existem duas nomenclaturas para as fórmulas infantis: “para lactentes” e “seguimento para lactentes e crianças de primeira infância”. A fórmula infantil para lactentes, é utilizada sob prescrição, especialmente fabricado para satisfazer, por si só, as necessidades nutricionais dos lactentes sadios durante os primeiros seis meses de vida. Já a fórmula para seguimento para lactentes e crianças de primeira infância é o produto utilizado, quando indicado, para lactentes sadios a partir do sexto mês de vida até doze meses de idade incompletos e para crianças de primeira infância sadias.
Outro termo atualizado é o composto lácteo é o produto em pó resultante da mistura do leite e outras substâncias alimentícias lácteas ou não-lácteas, ou ambas. Os ingredientes lácteos devem representar no mínimo 51% do total de ingredientes do produto.
Vamos, aqui, apresentar uma comparação entre alguns produtos diferentes. Destaco que, com relação à lista de ingredientes, ela apresenta-se em ordem decrescente, ou seja, o produto que aparece em primeiro lugar, está presente em maior quantidade do que o segundo.
O produto acima, indicado para menores de 6 meses, contém lactose (açúcar do leite) como primeiro ingrediente, seguido do soro de leite. Contém uma mistura de diferentes óleos vegetais, utiliza leite desnatado e é fortificado com vitaminas e minerais. A lactose aparece para se aproximar do leite humano, aumentando o valor energético. Os óleos também aumentam a energia, compensando a inexistência de gordura animal (dado que é um leite desnatado).
Esse outro produto é indicado para bebês com mais de 6 meses. Seu primeiro ingrediente é o leite em pó desnatado, seguido de xarope de milho, lactose e diversos óleos vegetais. É fortificado com vitaminas e minerais e DHA. Nesse caso, é importante destacar a utilização do xarope de milho, um açúcar cujo consumo excessivo está associado com a ocorrência da obesidade. O DHA, que vem ganhando espaço nas fórmulas, é um ácido graxo (presente no leite materno) que auxilia no desenvolvimento neurológico do bebê.
O terceiro produto, também conhecido como fórmula de transição, é indicado a partir de 1 ano de idade e tem o leite semi-desnatado como principal ingrediente. Ele também possui maltodextrina, um ingrediente com baixo custo e que ajuda a dar uma textura mais cremosa à bebida.
O último produto, também indicado para maiores de 1 ano, difere por conter tanto o açúcar como xarope de milho e lactose, três tipos de açúcar. Ao experimentar, é perceptível o sabor adocicado do produto, que aumenta a aceitação por parte dos bebês, mas irá condicioná-los, aos poucos, a rejeitarem alimentos e bebidas mais amargas. Além disso, caso não haja higienização bucal, favorece o aparecimento de cáries.
O que trouxemos aqui foi uma reflexão sobre alguns tipos de fórmulas que visam substituir o leite materno. Como foi descrito, elas não vão se igualar à composição do leite humano, além de apresentarem variações entre si. Por isso, a amamentação deve ser incentivada e apoiada e, somente em casos em que ela não for mais possível, um profissional da saúde capacitado (sem interferências da indústria de alimentos) irá orientar à mãe quanto à melhor opção de substituição.
Bibliografia consultada:
Rocha Garcia CE et al. Fórmulas infantis para alimentação recém-nascidos. Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fojs.c3sl.ufpr.br%2Fojs%2Findex.php%2Facademica%2Farticle%2FdownloadSuppFile%2F29999%2F14349&ei=S8BlVZqJMoGCNvD1gagN&usg=AFQjCNFZxll4CKNOfxb8LTbVhzqnouQatg&sig2=zJLOlRA3-lpD_8B_N-D1jA&bvm=bv.93990622,d.eXY
Anvisa. Consolidação das contribuições recebidas na Consulta Pública n. 98/2009 – Dispõe sobre o Regulamento Técnico para fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de seguimento para lactentes e crianças de primeira infância. Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fportal.anvisa.gov.br%2Fwps%2Fwcm%2Fconnect%2F727f028048c28dbaa79dafa3f2835ae8%2FReuniao_CP_98_Formula_infantil_de_seguimento.pdf%3FMOD%3DAJPERES&ei=OcRlVci5FZOGNuyPgfgP&usg=AFQjCNHkXZ5wcxklbj0bJw7HqLZ7ZROpsA&sig2=eTaMVoCq3MHkPq8kjmEtKw&bvm=bv.93990622,d.eXY
