A Mulher, a Maternidade e a Criança

Carta de boas-vindas a uma criança e de despedida a um bebê 

Por: Viviane Laudelino Vieira

Hoje, a Manu completa dois anos! Meus parabéns ficarão eternizados nesse post

Filha querida,

Estamos prestes a completar mais um aniversário: comemoraremos os dois primeiros anos da sua vida aqui conosco e da minha vida como mãe.

Nesse tempo, descobri o que é cuidar de umbigo até cair, aprendi a trocar fralda (e hoje o faço nas situações mais adversas), a sentir sua febre só de encostar em você, reaprendi todas as cantigas e aprendi mais algumas. Mas, melhor do que isso, descobri que o complexo mundo lá fora pode ser muito menos interessante quando podemos passar uma tarde pulando na cama até cansar ou quando posso passar o dia enchendo o balde com pedrinhas ou desenhando.

Você nasceu de um sonho de maternidade que eu sequer sabia o que significaria. E agora agradeço por tudo que tem me proporcionado tão intensamente, mesmo antes de vir ao mundo. Hoje, mal consigo lembrar como era a vida sem ter você. Como não sobrava tempo? Como eu gastava meu dia com coisas menos importantes que pareciam fundamentais? Como era ficar sozinha?

Parece tão pouco tempo diante de toda vida que, com certeza, está reservada para você, mas muito nos aconteceu ao longo desses 730 dias. A bebê que mal sustentava a cabeça por alguns segundos já dá cambalhotas (algo que nem eu faço). Aquela que chorava se saísse do meu colo, hoje é curiosa e independente (mesmo voltando para se aninhar aqui comigo sempre que sente vontade). Antes, eu tinha medo de sair de casa por não saber lidar contigo. Hoje, já atravessamos o oceano (e isso é só o começo). Nesse tempo, começou a comer e hoje é a minha companheira em todos os jantares, com direito a tim-tim e muita brincadeira. Já conhece as cores, os números, canta, faz ciranda com as bonecas, joga futebol. Faz piada, é debochada. Mas sabe ser brava quando não tem o seu mamá.

Com esse aniversário, fechamos, mesmo que simbolicamente, mais um ciclo. A neném Manu, como eu sempre te chamei, deixaria de ser neném para se tornar uma criança. Vamos comprar roupas em outra sessão da loja, você pode fazer passeios que antes não te serviam tão bem (mas já ficará muito grande para algumas outras), pagamos pela viagem de avião (essa parte, não gosto muito). Em especial, atingimos os dois anos de amamentação com todo orgulho pois nós duas sabemos, mais do que ninguém, o quanto amamentar nos uniu e nos faz bem. Vamos continuar até quando quisermos, mas, agora, sinto que cumprimos essa missão e que. cada vez mais, você mostra sinais de que está caminhando para se nutrir tanto física como emocionalmente de outras formas. Esse é um presente que você sequer tem ideia do tamanho e da importância que ele tem. É um presente que você foi igualmente responsável por construir tão bem e que vai levar para a vida toda.

É emocionante e, ao mesmo tempo, doloroso, te ver crescendo. Sobram as lembranças daquela bebê que não queria engatinhar porque detestava ficar deitada de bruços ou que chorava de perder o fôlego para lavar a cabeça com pouco cabelo na banheira que colocávamos no chão do seu quarto. Aqui, nessa carta, tento eternizar um pouco dessas lembranças, caso algum dia elas tentem sair da minha cabeça. Mas saiba que a vontade e o prazer de querer te ajudar a se desenvolver e a crescer ainda mais é maior do que qualquer vontade de te ter como um bebê. Quero estar ao seu lado nos seus aprendizados, conquistas, nas suas dores e frustrações. Aguentaremos firmes o terrible two, que nem é tão terrível assim, dependendo da forma como vemos (e do nosso humor), pois pode ficar extremamente engraçada a cena da insistência por sair de sandália de verão amarela com uma moletom de inverno rosa ou o protesto quando não deixo levar a família de bonecos inteira para a praça. Essa dor é ótima, minha querida. Ela é necessária! É sinal de que você está indo em frente para conhecer os limites do mundo e aprender a se colocar dentro dele. Você vai continuar ouvindo alguns nãos meus, como ouvirá de outras pessoas no futuro. Isso também é importante e também é uma forma de dizer que te amo.

Manu, hoje te desejo parabéns pelo seu aniversário. E saiba que, quando uma mãe diz isso para filha, esse desejo é o mais forte, verdadeiro e intenso de um ser humano. Que Deus continue nos ajudando a te proteger e a cuidar de você. Que você tenha o mundo pela frente e muita vida para aproveitá-lo com felicidade.

Parabéns, Manu! Enfim, chegou o grande dia de cantarmos parabéns e assoprar as velas de verdade!

Te amo,

Mamãe Vivi

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