Quando a família investe na introdução alimentar tradicional, ela inicia ofertando alimentos amassados. Mas a recomendação oficial é que, já aos 12 meses, ela coma na consistência da alimentação da família.
Mesmo assim, recebo, com certa frequência, famílias com bebês que já completaram um ano de vida e que continuam recebendo os alimentos principalmente na consistência macia. As razões são diversas, envolvendo desde o medo com os engasgos até a maior facilidade de aceitação por parte do bebê.
Se esse é o seu caso, saiba que manter a oferta de alimentos muito macios não é uma boa ideia. Aprender a mastigar é fundamental! Ajuda na dentição, no tônus muscular, influenciando a fala e também impacta no aspecto nutricional. Alimentos mais macios tendem a ter uma concentração de nutrientes inferior ao alimento inteiro. Geralmente, terá menor teor de fibras também. Futuramente, há mais chances da criança ter dificuldades com alimentos mais duros, como hortaliças cruas, frutas com casca e carnes. Isso diminuirá a variedade da alimentação dela ao longo dos anos.
Então, se o seu bebê come basicamente alimentos pastosos, é hora de aumentar gradativamente, a consistência dessa alimentação.
- Quando ele ainda está em fase de nascimento de dentes (que durá até seus 24 meses, em média), alimentos mais consistentes podem ser bem aceitos porque aliviam o incômodo existente na gengiva! Ofereça pedaços de laranja, coxa de frango, palitinhos de pepino, espigas de milho, pedaços de pão caseiro…
- Deixe os alimentos em pedaços maiores. Se você só oferecia carne moída os desfiada, faça uma carne bem cozida mas cortada em cubos pequenos.
- Mescle os legumes entre os crus e os cozidos. Cenoura ou beterraba ralada e crua são muito bem vindas.
- As folhas são muito difíceis? Ofereça-as cruas, mas bem fatiadas. Com o próprio calor dos outros alimentos, a alface, por exemplo, já vai ficar mais macia.
- Em vez de oferecer as frutas cortadas, comece a entregar pedaços maiores ou frutas inteiras para o seu filho comer sozinho.
- Se o seu filho ainda come separadamente do restante da família, reveja isso! Um bom incentivo à melhor aceitação é quando ele tem exemplos positivos.
Com essas sugestões, geralmente, seu filho irá se adaptar sem muitas dificuldades. Caso fique desconfiada de que algo está errado, visite um fonoaudiólogo. Eventualmente, a dificuldade de aceitação para uma textura mais consistente pode ter uma origem física.
Se o seu medo for com relação aos engasgos, fique tranquila! Tenhas medidas de segurança, como manter sempre a criança em posição adequada e nunca ofereça alimentos muito duros e, especialmente, pequenos, como amendoim e castanhas. Esses são alimentos que apresentarão muita dificuldade para serem mastigados nessa idade.
Por fim, saiba que é natural observar uma diminuição da aceitação. Afinal, aumentando a consistência, você terá mais nutrientes no mesmo volume de uma papa. Então, a criança tende a se saciar com menor quantidade. Além disso, comer algo muito molenga exige muito pouco da criança. Quando ela começa a mastigar, ela tende a se exercitar mais. Além disso, a mastigação envia sinais ao cérebro sinalizando saciedade. E você não precisa ficar com medo disso. Se ela comer menos do que precisa, a criança tende a comer mais na próxima refeição ou pedir mais cedo por uma nova refeição.
Conheça o trabalho da nutricionista Viviane L. Vieira de orientação das famílias!