Dando sequência aos “Desafios da amamentação”, outro grupo, formado pelos alunos Camila Vieira dos Santos, Carlos Javier Arauzo Sinchez, Êmily Bezerra Fernandes da Mota e Natália Koren Simoni também escreveu um texto aos pais. Veja o que eles trouxeram!
“Pai é quem cria.” Quantas vezes você já ouviu essa frase? Em vários momentos, ela aparece no diálogo dando ao verbo “criar” a conotação de pai ao responsável em arcar com os custos da criança, mas hoje sabemos que a figura paterna está muito além da contribuição financeira.
Diferente do que acontece com a mãe, o vínculo pai-filho se desenvolve de maneira mais lenta e ocorre após o nascimento, por isso é fundamental a participação do pai desde a gestação até nos cuidados com o bebê. Dentro desses cuidados, está incluso o apoio à mãe no aleitamento materno, processo de alimentação incentivado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde que garante ao bebê diversos benefícios.
Estudos mostram que a presença paterna no apoio à amamentação é mais relevante na visão das mães e que eles contribuem não apenas na decisão de amamentar, mas também no fortalecimento e continuidade da mesma, melhorando a taxa de aleitamento materno exclusivo.
Resende e seus colaboradores (2014) abordaram a visão e o conhecimento dos pais sobre a amamentação e mostraram que a maioria deles apenas pensa no assunto e suas consequências quando se deparam com algum problema relacionado a ela, como a rejeição do seio ou ausência do leite materno. Este mesmo estudo mostrou que os pais com mais idade tem maior informação sobre o assunto, e estas informações chegam a eles por meio da TV, propaganda ou informações de familiares (incluindo a companheira).
Tendo em vista a importância do apoio do pai para o aleitamento materno, é coerente que os pais tornem-se aliados de suas parceiras nesse processo para vencer os desafios que surgem nesse momento da vida do casal.
Os pais Adilson Godoy e Leandro Giatti foram questionados sobre as dificuldades que encontraram para se envolver e apoiar a mãe no momento da amamentação. Eles referiram que a amamentação é algo que, por mais que haja planejamento durante a gestação, só se aprende no dia a dia, com muito diálogo e paciência entre o casal. Outro fator importante que os pais destacaram é a mudança na forma de pensar. Eles relataram que, no início, aceitar a amamentação como algo que pode ocorrer a qualquer momento e lugar sem que haja conotação sexual sobre ela é um desafio, devido à cultura em que estamos inseridos, e que os debates sobre o tema que vêm ocorrendo e a literatura disponível em revistas, jornais e mesmo na internet são essenciais para derrubar esses paradigmas.
Durante o processo da gravidez é essencial a busca de informações por meio de profissionais da área da saúde. E cabe ao profissional identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar. O profissional precisa estar preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada indivíduo e que auxilie na superação dos medos, dificuldades e inseguranças.
Assim, percebe-se que falar sobre a amamentação é muito importante, não apenas para apoiar as mães, mas também para auxiliar os pais e estimulá-los a participar de forma positiva no aleitamento materno, fortalecendo assim, os laços entre todos os membros da família.
Bibliografia consultadaCASTRO, L. M. C. P.; ARAÚJO, L. D. S. Aspectos socioculturais da amamentação. In: ALEITAMENTO materno: manual prático. 2. ed. Londrina: PML, 2006. p. 41-49
MARQUES, E.S.; COTTA, R.M.M.; PRIORE, S.E. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Cienc. Saúde Coletiva, v.16, n.5, p.2461-2468. 2011
RESENDE, T.C. et al. Participação paterna no período da amamentação: importância e contribuição. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 30, n. 3, p.925-932. maio 2014.
SERAFIM, D. Estudo das opiniões do pai sobre o aleitamento materno e sua participação neste processo. Rev. Bras. Cres. Desenv. Hum., Sào Paulo, v.9, n.1, p.18-25. 1 999
SILVA, B.T.; SANTIAGO L.B.; LAMONIER J.A. Fathers support on breastfeeding: an integrative review. Rev Paul Pediatr, v. 30, n.1, p.122-130. 2012
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº13.257 de 8 de março de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 mar. 2016
SU, Min; OUYANG, Yan-qiong. Father’s Role in Breastfeeding Promotion: Lessons from a Quasi-Experimental Trial in China. Breastfeeding Medicine, v. 11, n. 3, p.144-149, abr. 2016.
MITHANI, Yasmin et al. Exploring Fathers’ Role in Breastfeeding Practices in the Urban and Semiurban Settings of Karachi, Pakistan. The Journal Of Perinatal Education, v. 24, n. 4, p.249-260, 1 jan. 2015.
BICH, T.H., et al.. Father’s involvement and its effect on early breastfeeding practices in Viet Nam. Matern Child Nutr. 2015