Há alguns meses, desenvolvemos uma atividade que seria para discutir mitos e dúvidas relacionadas à amamentação. Achei interessante aprofundar alguns assuntos aqui no blog e, por isso, vou começar uma série de posts intitulada “Desafios de Amamentação”. O primeiro assunto será “o leite que não desce”.
Pode parecer óbvio para algumas pessoas, mas muitas desconhecem que o leite não desce assim que o bebê nasce. Na verdade, a mulher, assim que parir, terá o colostro, que também é um tipo de leite, o primeiro a ser produzido por ela. Mas ele não tem “cara” de leite, é amarelado e menos “encorpado” e é produzido em uma quantidade bem menor, fazendo, inclusive, que eventualmente nem percebamos a sua existência.
Porém, o colostro apresenta um papel fundamental para o bebê: ele conferirá a imunidade necessária para o recém-nascido se manter mais saudável, tornando-o menos vulnerável a doenças. Por isso que muitos, inclusive, chamam o colostro de “vacina natural”. E, para ele, definitivamente não há substituições. Nenhuma fórmula, nem mesmo a mais avançada e cara, consegue dar essa proteção ao bebê como o colostro dará, de uma forma gratuita e com muito aconchego materno.
Assim, voltando à questão do leite não descer, a apojadura (que é a fase de transição entre o colostro para o leite maduro), levará alguns dias para acontecer, quando as mamas ficam bastante inchadas e os alvéolos que produzem o leite ficam dilatados. Se isso não for encarado com naturalidade, poderá ocorrer uma complementação desnecessária e, acima de tudo, arriscada com fórmulas artificiais.
Independente da via de nascimento, o contato pele a pele entre mãe e bebê deve ocorrer nos primeiros instantes da sua vida. Além disso, é fundamental que haja alojamento conjunto, caso o parto ocorra em hospital, para que a mulher fique o maior tempo possível com o seu filho. Isso facilitará que o bebê mame sob livre demanda desde o início e assim que a apojadura acontecer.
Porém, mesmo que o bebê tenha se afastado da mãe por algum motivo, nas primeiras horas ou dias (devido a alguma intercorrência com um dos dois ou por qualquer outro motivo), a apojadura acontecerá também, pois ela não depende da sucção. Então, a mulher também conseguirá amamentar!
Por isso, fique atenta e confiante, pois a maioria esmagadora das mulheres produz leite logo nos primeiros dias de vida, mas há uma variação de tempo entre todas nós. A insegurança e despreparo dos profissionais que cercam a mãe podem boicotar a sua confiança. O bebê somente precisará receber outro leite em poucas situações: caso haja alguma medicação materna que seja incompatível à amamentação (e, normalmente, há uma grande variedade de medicações que são compatíveis com a amamentação), bebês que nasceram com menos 1500g ou com menos de 32 semanas, em caso de HIV positivo, se tiver uma perda de peso além daquela considerada natural (até 10%) ou hipoglicemia, alguma imaturidade grave do organismo do recém-nascido, doença grave materna (psicose, choque, eclâmpsia), bebê com erro inato no metabolismo e bebê com perda acentuada de líquido (e a amamentação não está sendo suficiente para repor). Em muitos desses casos, é importante considerar se o hospital possui um banco de leite, pois isso garantirá que, ainda assim, o bebê receba um leite humano. E sempre que não puder receber leite do próprio seio da sua mãe, é recomendada a oferta em copinho ou colher. A confusão de bicos é uma realidade e é muito mais intensa nos primeiros dias de vida da criança.
Então, não acredite que você não terá leite. E não se compare com outras mulheres. Esteja cercada de uma equipe de saúde de confiança e também se cerque de muita informação durante a sua gestação.
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