Por Viviane Laudelino Vieira
Quando engravidei da Manu, poucos dias após o resultado positivo, fui brindada com um mal-estar que praticamente não se cessava: o enjoo. A sua duração foi praticamente o primeiro trimestre inteiro e, ao contrário da maioria das gestantes, eu acordava bem e ia piorando ao longo do dia, conforme ia me alimentando e me movimentando. E, no meu caso, não havia muitas fórmulas para reverter o processo que ainda vinha acompanhado de azia.
Então, relembrando um pouco do que passei e por encontrar muitas outras mulheres que passam por isso, hoje vou tratar desse assunto: o enjoo durante a gravidez.
A primeira pergunta que toda mulher deve fazer é sobre o motivo que a leva a ficar dessa forma. E, mais, por que isso é tão variável entre as grávidas e, mesmo, entre diferentes gestações? As explicações não são claras. A mais aceita é a de que um dos hormônios que aumentam na gestação, chamado gonadotrofina coriônica, estimularia os ovários para produzir estrogênio, que desencadearia os enjoos. Além disso, outro hormônio, a progesterona, age na motilidade do trato gastrointestinal, deixando o processo digestivo mais lento. Assim, contribui para o aparecimento das náuseas e provoca sensação da saciedade precoce, impedindo a ingestão de grandes quantidades de alimento.
Vários “perfis” são considerados como mais propensos a terem enjoos na gestação: as primíparas, as mulheres mais jovens, aquelas com histórico de enxaqueca ou que já enjoavam com mais facilidade antes de engravidar, gestantes mais ansiosas, grávidas de gêmeos, com H. pylori, aquelas que não fumam (isso mesmo), com deficiência de vitamina B… Enfim, provavelmente, você encontrará uma ou mais razões por estar enjoando. Porém, o que importa nesse momento é saber que esse é um quadro normal, apesar de bastante desagradável e que não faz mal para você ou para o bebê. Cerca de 80% das gestantes passam por isso e esse sintoma desaparece na grande maioria das mulheres no final da 12a semana de gestação, sem precisar de qualquer intervenção médica. É, inclusive, normal que ocorra uma pequena diminuição do peso da mulher nessas semanas. Porém, quando se chega ao ponto de não conseguir ingerir praticamente nada por dias e, principalmente, não tomar líquidos, é importante recorrer ao médico para que ele possa avaliar com você alguma conduta adicional, que poderá ser medicações ou, inclusive, solicitar internação.
Aqui, então, trago algumas sugestões para tentar amenizar um pouco desse mal-estar. Provavelmente, ele não sumirá por completo, mas você poderá tornar os dias um pouco mais tranquilos.
1. Procure fazer pequenas refeições ao longo do dia para evitar que o processo de digestão demore ainda mais, aumentando o enjoo. Às vezes, quando começa a se sentir bem, a mulher tende a querer compensar o que não conseguiu comer. Prefira comer menos e com uma frequência maior. E, por mais que o desejo seja parar de sentir enjoo, evite ficar com o estômago vazio completamente.
2. Hidrate-se! Se comer está sendo um grande transtorno, dê mais atenção aos líquidos que você ingere. Além de água, acrescente sucos e água de coco ao longo do dia porque eles te ajudarão a repor eletrólitos e te darão um pouco de energia. Fique sempre com um copo ou uma garrafa perto de você para ir tomando ao longo do seu dia.
3. Comece a prestar atenção naquilo que não te deixa se sentindo tão mal. É muito comum que alguns alimentos sejam aceitos com mais facilidade do que outros. Então, deixe que eles apareçam com mais frequência. Nessas semanas, talvez você não consiga manter uma alimentação nutricionalmente equilibrada, com grande variedade de alimentos. Não se culpe por isso porque, assim que começar a passar mal-estar, você também irá comer melhor. Quando engravidei da Manu, passei semanas sem querer chegar perto de carnes (brancas ou vermelhas). Por outro lado, as frutas caiam muito bem! Então, foram nelas que eu investi e procurei não forçar aquilo que eu tinha aversão.
4. Alimentos gordurosos, como frituras, embutidos e queijos amarelos, tendem a aumentar a sensação de desconforto.Fique atenta se essas escolhas não estão aumentando o enjoo. Vale a pena segurar um pouco a quantidade das gorduras das refeições para o sistema digestivo não penar para digerir esses nutrientes.
5. Descanse! Na medida do possível (e, eventualmente, rumo ao impossível), permita-se ficar sem fazer nada. Naturalmente, já ficamos mais cansadas nesse começo de gravidez. Ficar passando mal o tempo todo é um desgaste ainda maior. Então, aproveite se dá para tirar uma soneca assim que chega do trabalho ou após o almoço nos finais de semana. No segundo trimestre, o seu pique voltará!
6. Evite preparar as refeições. Para quem está enjoando, o fato de sentir o cheiro da refeição já pode ser um grande estímulo para perder o apetite. Então, essa é uma ótima justificativa para você se poupar do preparo da alimentação. Se não for possível, deixe a casa arejada e evite preparações com odores mais fortes.
7. Abuse de alimentos frios e gelados. Eles provocam menos contrações no sistema digestório e tendem a causar menos enjoo!
8. Se o começo da manhã for mais complicado, você pode tentar alimentos mais secos, como torradas. Eles tendem a ter uma aceitação melhor. E aguarde um pouco mais para escovar os dentes porque só o fato de colocar a escova na boca já pode induzir ao vômito.
9. Sabores de gengibre e limão podem ser um ótimo alívio. Algumas mulheres usam balas de gengibre ou tomam limão espremido na água.
10. Seja positiva! Se você está enjoando, pense que é sinal que sua gravidez está evoluindo e que logo isso vai passar. Aproveite esse tempo em que você não está tão disposta para pensar nas coisas boas que virão com a chegada do bebê! Faça seus planos! E permita-se ser cuidada pelas pessoas que estão a sua volta! Isso é muito gostoso!
[…] Faça pequenas e diversas refeições durante o dia. Isso te ajudará a ter uma alimentação mais variada, além de diminuir a chance de azia e de enjoos. […]