Manu é menina que curte comemorar seu aniversário. É daquelas que, na sequência de uma festa, já está pensando no ano seguinte e, conforme cresce, participa cada vez mais dos detalhes: escolhe o tema, palpita nas comidas, decide as brincadeiras e convidados.
Em 2020, seria o sétimo aniversário! Pouco tenho escrito aqui no site por me concentrar mais em textos curtos no Instagram, mas todos os anos publico relatos das festas da Manu e, em plena pandemia, contar como que foi é mais do que especial!
Quando a pandemia começou por aqui, em meados de março, muitos imaginavam que, em alguns meses, a exemplo da China, as coisas passariam a retornar à rotina. Então, não desconsiderei os planos da Manu. Mas, maio chegou. Os eventos profissionais que eu teria pessoalmente no 2o semestre estavam sendo cancelados ou virando remotos. Aí veio a certeza de que não iríamos reunir seus amigos no salão ou na praça para cantar parabéns.
Em plena pandemia, com tantas pessoas doentes e morrendo, parece supérfluo pensar em festa. Realmente, não é prioridade. Há situações mais urgentes e graves acontecendo diariamente com a sociedade. Ao mesmo tempo, tenho uma criança fechada em casa por mais de 4 meses junto com o pai, que me acompanham saindo diariamente, quase que de madrugada, para trabalhar, me expondo e, consequentemente, os expondo. É muito difícil! A situação mais difícil que vivenciamos em família até hoje. Nesse tempo, a Manu abriu mão de muito da sua rotina e está fazendo isso de forma que me orgulha muito, adaptando-se brincando pelo WhatsApp com o melhor amigo, fazendo do caminho entra sala até o seu quarto uma pista de skate, treinando escalar as portas, aprendendo a ler sozinha os seus livros… Abrir mão da sua festa seria muito triste!
Quando contei para ela que a pandemia não teria passado até julho, ela fez um olhar frustrado, questionou mas não insistiu. Eu não tinha nada em mente, mas perguntei se ela confiava em mim. Na resposta positiva, falei que ela teria uma festa inesquecível para comemorar os seus sete anos, mas avisei que, ao contrário dos outros anos, seria uma surpresa! Ela topou e abriu mão da Patrulha Canina (ufa!) para que viesse um tema que eu prometi que tinha certeza que ela acharia muito mais legal.
Depois da promessa, lá fui eu quebrar a cabeça para cumprir! O resultado, foi um dia de FESTA NINJA aqui em casa (na quantentena, ela descobriu o Changeman e virou fã rs). Ninguém de fora veio presencialmente, mas TODOS se fizeram presentes, seja enviando um desenho (que imprimi e colei em uma parede) ou uma mensagem em vídeo (que juntei e fiz um mini filme).
Como o tema era ninja, a minha ideia é que, ao longo de todo o dia, a Manu participasse de brincadeiras! As brincadeiras foram chamadas de “missões”, que começaram a chegar logo que ela abriu os olhos, enviadas por um “mestre ninja” através de bilhetinhos (bora treinar a leitura!) e eram do tipo “ache os presentes que os vilões esconderam”, “lute contra um vilão mostrando suas habilidades”, “busque os pequenos ninjas que estão perdidos no seu quarto” ou “desenhe um ninja vencendo de um grande monstro”. As recompensas foram, por exemplo, o vídeo que os amigos mandaram, o “banquete” de almoço, uma sessão de cinema com picolé, uma camiseta especial com o seu nome… enfim… nada tão difícil, mas que se tornaram conquistas super especiais que a fez ficar animada e curiosa o dia todo para descobrir a próxima missão. Algumas vezes, o tal do “mestre” mandava uma mensagem pelo celular para ela! Usei um app de celular que muda a voz e fiz algumas gravações. A primeira foi quando ela ainda estava na cama e o “mestre” contava um pouco do que ela teria pela frente e orientava que ela fosse ao seu quarto, que havia sido devidamente transformado durante à noite em um QG. Lá, coloquei sua roupa nova de ninja, as “armas”, cerquei o espaço da cama com um pano preto e fiz o cantinho da ninja Manu (que ela não quis desmontar depois da festa) e era onde chegava cada missão.
A casa também foi decorada durante a madrugada com um estilo oriental. A decoração mais festiva foi toda em papel garantida pela Azul Céu Design e Festa. Pela manhã, a avó patrocinou uma caixa de café da manhã da Vilarejo Café que é totalmente artesanal (daquelas que até o requeijão é feito por eles). O almoço foi feito em casa, com missoshiru, gohan, peixe assado e sunomono, além de pavê de sobremesa! À noite, depois de tantos meses, busquei um lugar que confiava para um delivery contendo peixes crus, a grande paixão da Manu, e na mesa dos parabéns, o bolo melequento da Rainha da Cocada (um bolo sem farinha, mas com muito chocolate, ovo e manteiga…. ah… e açúcar), beijinho e brigadeiro.
Como a Manu não gosta muito de ser o centro das atenções, perguntei se ela iria querer o já tradicional “parabéns” pelo Zoom. Surpreendentemente, ela disse que sim e tivemos algumas das pessoas queridas cantando conosco!
Ao final desse dia, já bem tarde da noite, exausta, Manu me fala que foi o melhor aniversário do mundo! Esse é o jeito dela nos contar quando gosta de alguma coisa! Se ela teve várias missões ao longo do dia, eu também tive a minha, que era concretizar a festa de aniversário durante a pandemia! Missão cumprida! Será que também poderia ser uma ninja?