Amamentação Sem Mitos

Profissional da saúde, você apoia a amamentação?

Depois do parto, Ariane e eu tivemos alta juntas. Desde o nascimento, observamos que a Ariane gemia, mas no quarto dia de vida notamos mudança nesse gemido e percebemos que ela chorava quando mexíamos com  ela, como se tivesse dor. Entramos em contato com a pediatra que nos sugeriu observar a temperatura corporal. Realmente, ela estava febril. Demos banho porém a temperatura continuou subindo, então a pediatra nos aconselhou a levar ao pronto-socorro. Lá, os exames clínicos e laboratoriais não apontaram nenhuma alteração porém como a febre não cedeu e devido a sua fragilidade imunológica pelos poucos dias de vida, ela precisou ser internada.

Nos dias em que a Ariane passou internada estive refletindo sobre meu lado profissional, minhas verdades e condutas quanto à amamentação.
Sou grande defensora da amamentação e até então me considerava “apoiadora” desta causa. Mas será que, enquanto profissionais, sabemos mesmo apoiar uma mãe que deseja amamentar?
Enquanto estive acompanhando a Ariane no hospital, conheci e conversei com médicos, enfermeiros, técnicos e com mães. Todos os profissionais que nos atenderam me encorajaram a amamentar, mas não senti apoio de todos! E por isso essa reflexão! Precisei me colocar apenas no lugar de mãe, esquecer um pouco a nutrição para repensar e entender alguns pontos.
Primeiramente, as condições do ambiente e da situação: no hospital onde Ariane ficou, eu tinha acesso irrestrito à ela. Meu marido e eu podíamos ficar com ela nos horários em que quiséssemos, porém os horários para amamentação eram marcados. Além disso, não há estrutura física para dormir com os bebês. Na sala onde ficam, há apenas cadeiras e, embora haja um espaço destinado às mães, lá também não há acomodação para dormir. Aqui cabe um destaque para este ambiente: era uma sala para mães, dispunha de sofás, armários, televisão, frigobar e acesso à banheiro exclusivo. Entendo que a maior parte do tempo quem estava acompanhando os bebês eram mães, porém vi muitos pais também e não havia nenhum espaço para eles, já que não podiam ficar nesta sala (eram orientados a ficar no saguão do andar, onde tinham mais alguns sofás).
O posto para coleta de leite funcionava durante o dia, até às 18h e como o leite ordenhado tem validade de 12h era preciso agendar os últimos horários para que conseguisse deixar leite suficiente para madrugada.

baby

Tive as duas experiências: uma noite deixei leite ordenhado e outras noites dormi no sofá. É uma rotina cansativa em ambos os casos!
Quanto às técnicas que ficavam observando a Ariane, a cada troca de plantão eu avisava que estaria lá em todos os horários de mamada e que não queria que fosse ofertado completamento. Também conversei com o médico sobre isso. Ele me apoiou! Reforçou que o leite materno seria o melhor alimento e o melhor remédio para ela. A pediatra dela compartilhava da mesma opinião e me oferecia igual apoio.
A maioria das técnicas de enfermagem não interferiram na amamentação e em muitos momentos facilitaram em relação a horários e me acalmaram quanto a oferta de leite ordenhado (foi ofertado em copinho).
Apenas em uma das noites, uma técnica questionou minha postura para amamentar. Pediu que eu não conversasse com o bebê para não distraí-la durante amamentação e sugeriu que, se eu amamentasse durante a noite, não teria leite no dia seguinte. Todas essas orientações equivocadas me deixaram pensativa. Eu estava determinada e tive muito apoio até ali para manter o aleitamento exclusivo, mas será que é assim com todas as mães? Os profissionais não deveriam encorajar as lactantes? Entendo que há diferentes situações e cada dia acredito mais no atendimento humanizado, na tentativa de entender cada ser e cada caso como único, evitando esse tipo de situação.
Conversando com as mães, tive esse sentimento reforçado! Muitas tinham tido filhas prematuras extremas e estavam tentando amamentá-las naquele período. Elas frequentavam o banco de leite e estavam com os bebês na maioria dos horários de amamentação, mas percebi que não se sentiam encorajadas a amamentar.  A maior preocupação delas era o ganho de peso das bebês, já que isso era atribuído à melhora de quadro clínico e que, atingindo certo peso, o bebê receberia alta. Elas comemoravam todo ganho de peso e eu vibrava com elas. Porém, neste cenário, elas eram privadas de orientação quanto a todos os benefícios do aleitamento materno que tanto estudamos!
É claro que elas estavam preocupadas com a saúde de seus filhos e os queriam bem, mas da forma como o ganho de peso é destacado, fica sendo o principal objetivo. Desta maneira, embora fosse priorizado a oferta de leite humano ou fórmula em copinhos, a maioria ficava ansiosa pela mamadeira, pois atribuía a maior aceitação e maior ganho de peso.
Esse foi o ponto principal para o questionamento: enquanto profissionais, sabemos apoiar a amamentação?
Sabemos esclarecer dúvidas e principalmente inseguranças das mães?
Sabemos demonstrar e defender com carinho, procurando entender e aceitar cada situação, que o leite mais adequado ao bebê é o de sua mãe?
Temos paciência para ouvi-las sem bombardearmos teorias?
Temos subsídios para encorajar as mães a manterem o aleitamento mesmo que parcial, pois a amamentação é mais que alimento para o bebê?
Acredito que se colocar no papel de cada uma facilita o papel do profissional. As mães podem amamentar, elas sabem também o que é melhor para o bebê, elas só precisam de cuidado e atenção para acreditar nisso! É esse o apoio que ela precisa de um profissional, alguém que ofereça mais do que técnica e teoria.
Será que estamos preparados?

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  • Olá, tem profissional preparado, mas acredito eu que a maioria não está preparada. Meu filho tem 2 anos e 4 meses, ainda mama no peito, lógico que não como antes, mas ele mamá hj pq eu queria muito amamenta-lo e corri atrás de informações, pq na maioria dos pediatras que eu passei, já teria desmamado ele com 6 meses, outro me orientou com 1 ano. É complicado, pq amamentar é dedicação da Mãe, é cansativo e se não tem um profissional que apóia fica difícil!! Bjos

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