Alimentação e Nutrição Infantil BLW e Alimentação Complementar

Alimentação complementar é mais do que fornecer nutrientes ao bebê

Por que começamos a alimentar um bebê com alimentos sólidos ou pastosos, além do leite materno ou fórmula?

Normalmente, porque partimos do princípio de que, a partir dos 6 meses, o leite não é mais suficiente para atender as necessidades nutricionais do bebê. Isso é verdade! Conforme o bebê vai crescendo, ele não consegue obter tudo que precisa mais de um único alimento, além das reservas de ferro acabarem. E isso acontece em torno do sexto mês. Porém, não podemos nos esquecer de que o leite será o principal alimento durante o primeiro ano de vida do bebê. Então, nada de começar a controlar o peito só porque vai começar ou começou a comer.

Mas não é só por isso que o bebê já está pronto para comer! Nessa idade, ele já começa a se socializar mais com as pessoas e com o mundo. Por isso, que ele fica em êxtase ao ver os adultos comendo.  Isso vai começar a acontecer por volta do quinto mês e se intensifica no início do segundo semestre. Isso é o bebê se mostrando receptivo ao alimento mas, principalmente, ao ato de se alimentar. Se você estiver comendo um hot dog ou uma cenoura, ele ficará igualmente atento (aliás, quanto mais colorido, mais interessante será a ele). Então, não precise achar que ele está com vontade. Ele só está curioso.

Além de nos admirar comendo, nessa idade, o bebê já apresenta condições de segurar objetos e levá-los à boca. E, se estiver ao seu alcance, certamente levará alimentos à boca. Não necessariamente esses alimentos serão engolidos nas primeiras experiências, dado que o bebê precisa aprender a fazer outros movimentos com a língua e gengivas para amassar e deglutir. Mesmo assim, só o fato de manusear alimentos com diferentes temperaturas, texturas, tamanhos, aromas e, claro, sabores, já é uma experiência sensorial e motora extremamente importante.

Também não podemos nos esquecer que esses bebês encontram-se na fase oral. Eles têm muito prazer pela boca. Por isso, mamam, chupam o dedo (ou chupeta, quando é oferecida), mordem os brinquedos, suas caixas e tudo mais que veem pela frente. Dessa forma, é um momento extremamente propício para as experiências alimentares.

De acordo com a sua natureza, o bebê está pronto a partir do sexto mês para ter uma experiência muito positiva com a alimentação, que irá contribuir para o seu desenvolvimento global, não somente pelo aporte nutricional que esses alimentos lhe proporcionarão. Assim, mesmo que o bebê não coma quantidades e variedades que julgamos ideais, o fato dele estar presente no momento da refeição, tendo contato com o alimento já representa que a introdução de alimentos esteja ocorrendo. Porém, de uma forma inconsciente, às vezes, nós (adultos) transformamos essa experiência tão rica e positiva em algo incômodo e cansativo ao bebê. Nesse momento, estamos hipervalorizando o papel “nutricional” momentâneo da alimentação complementar e diminuindo a importância dos outros desdobramentos que esse momento possui. Se alguém com mais idade já sofre com pressões, não será um bebê que aprenderá a se alimentar sendo forçado ou enganado. Fique atento!


Ficou curioso sobre esse assunto? Estaremos discutindo alimentação complementar e baby led weaning no II Encontro para a Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação no dia 2/8 às 14h na Faculdade de Saúde Pública da USP. Acompanhe o evento no Facebook!

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