Alimentação e Nutrição Infantil

Sustentabilidade e saúde infantil: o veneno da nossa comida

Por Viviane Laudelino Vieira

No post anterior, trouxe informações sobre alimentos que passam por diversos processamentos na indústria, mostrando inúmeros impactos negativos que eles trazem para nossa saúde e para o ambiente. Assim, fica evidente que, quanto mais natural nossa alimentação, melhor será. 

Porém, se pensarmos que o Brasil é o campeão mundial na utilização de agrotóxicos, qual é a qualidade das frutas, verduras, legumes, cereais, leguminosas que nós comemos?

  
Dados que constam no Dossiê da Abrasco sobre o uso de agrotóxicos no Brasil mostram que 63% dos alimentos que consumimos estavam contaminados com agrotóxicos e, mais importante, 28% das amostras analisadas apresentavam-se insatisfatórias, ou seja, com teor de agrotóxicos acima do permitido ou com substâncias não permitidas pela legislação brasileira. 

A imagem abaixo, originalmente apresentada pela Fundação Verde (Funverde), mostra os alimentos que mais contribuíram para esses dados, sendo que o pimentão (91,8%), o morango (63,4%) e o pepino (57,4%) ocupam os primeiros postos. 

  

  
E qual o impacto na saúde da nossa família? São diversos e tanto em nível agudo (uma reação na sequência do consumo de um alimento contaminado ou do contato com o agrotóxico) e crônica  (decorrente do uso constante ao longo de meses ou anos). Ao pensarmos nos nossos filhos que, se não tivermos uma mudança no nosso comportamento, eles estarão expostos a uma quantidade imensa de venenos ao longo de suas vidas. As consequências agudas podem ser irritação nos olhos, coceira, tonturas, enjôos, sangramento nasal, entre outros. A longo prazo, podem acontecer lesões em diversos órgãos, como o fígado, problemas neurológicos e cardíacos, alergias respiratórias, má formação fetal, câncer. Inclusive no leite materno, pode-se encontrar a presença de agrotóxicos.

É importante contextualizar que, enquanto muitos países proíbem o uso de diversos agrotóxicos com comprovação de malefícios reais à saúde, o Brasil ainda se encontra em uma condição cuja a discussão precisa ser ampliada. O mercado de consumo de agrotóxicos aumentou em 190% em 2010, sendo que os grandes consumidores dessas substâncias são poucas empresas multinacionais que estão instaladas no Brasil e detêm a maior parte da responsabilidade na produção de alimentos. Além da contaminação dos alimentos, o uso indiscriminado de agrotóxicos gera ampla poluição da água, solo e ar.

E como cuidar melhor da nossa saúde? Os alimentos orgânicos são a solução? Para ser considerado orgânico, o produto tem que ser produzido em um ambiente de produção orgânica, onde se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. O mercado de produtos orgânicos vem crescendo no Brasil, mesmo sendo ainda insuficiente e inacessível à maioria da população. Porém, quanto mais aumentar o consumo, maior a chance dos preços reduzirem. Mesmo não tendo uma alimentação 100% orgânica, você pode preferir, pelo menos, aqueles alimentos que são elencados como contendo maior teor de contaminantes. Também é importante descascar e lavar bem a superfície dos alimentos contaminados (orgânicos também precisam ser bem lavados, mas não com o objetivo de eliminar contaminantes da sua superfície). Assim, você estará diminuindo, mas não eliminando, a sua exposição aos agrotóxicos.

Quer saber mais sobre agrotóxicos e saúde? Leia, então, o Dossiê da Abrasco

E veja aqui a relação de feiras orgânicas, disponibilizada pelo IDEC. 

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