Cada vez mais famílias realizam o BLW e buscam orientação profissional para isso. É consequência da percepção de que é uma forma de conduzir a alimentação complementar de forma mais vantajosa tanto para os bebês como para as famílias. Dados preliminares de uma pesquisa que conduzo pela Faculdade de Saúde Pública da USP mostraram que 41,3% das mães relataram realizar BLW ou a introdução alimentar participativa.
E o profissional da saúde? Como está nesse processo?
Uma revisão de literatura mostra que as mães que realizaram o BLW relatam que o profissional de saúde colocava-se contrário ou relatava não ter conhecimento sobre essa abordagem. Assim, essas mulheres não obtiveram orientação profissional em função da escolha feita. Em um estudo canadense, menos da metade dos profissionais de saúde (48,5%) consideraram-se preparados para apoiar o BLW e relatavam preocupações em relação a engasgos, problemas no crescimento e ingestão de ferro. Algo que chama atenção é que, mesmo acreditando que a abordagem promova comportamentos alimentares mais saudáveis, os profissionais tendem a apresentarem restrições à orientação, certamente por conta da falta de informação.
O que observar em um profissional da saúde?
- Ele precisa ser um apoiador da amamentação. Desconfie quando ele relata que, com o início da alimentação complementar, precisaria ser colocado limite na oferta do leite.
- Também fique atento quando esse profissional coloca pressão para que o bebê atinja determinados padrões em idades específicas. Ele precisa observar o desenvolvimento do seu filho.
- A orientação que será realizada precisa estar em acordo com os documentos oficiais nacionais e internacionais. A prática clínica não supera as evidências científicas.
- Se esse profissional fica exageradamente focado no ganho de peso, também pare para pensar. Ganho de peso é um dos elementos importantes, mas não é único, principalmente durante a introdução alimentar.
Referência:
Brown A et al. Baby-Led Weaning: The Evidence to Date. Curr Nutr Rep (2017) 6:148–156.