A Mulher, a Maternidade e a Criança

Pára de chorar! Por que o choro da criança é proibido?

Choro de alguém é algo que desestabiliza a grande maioria das pessoas. Lembro muito, em um dos momentos da minha vida profissional, trabalhando com equipe de saúde multiprofissional, tinha a piada interna “Paciente chorou no atendimento? Chama a psico!”. E os psicólogos, com toda razão, odiavam essa brincadeira que, na verdade, acontecia realmente: não sabemos lidar com o choro alheio. O que temos que falar? Vou buscar água? Água com açúcar? Sem perceber, fazemos de tudo para a pessoa parar de chorar, porque nós estamos desconfortáveis sem saber como acolher de verdade. 

  
E quando falamos de bebês e de crianças, o nosso limite parece ser ainda menor. Choro do adulto, normalmente, é contido, é um pouco para dentro, um pouco para fora. Choro da criança é uma potência pulmonar e vocal absurda. Não tem quem não olhe! É ardido, contínuo e, quando achamos que atingiu ao máximo, consegue ser mais forte. 

E o que fazemos quando a nossa criança chora? Não precisa chorar! Já passou! Pára de chorar! Vejam que não estou falando daqueles que usam da força física para coibir o choro, que já é usar da violência. Estou falando da forma “não violenta” que conduzimos essa situação.

Minha mãe que não leia, mas vou ter que contar… Ela era especialista em falar para engolir o choro. Eu ficava tão acostumada que, ia segurando, segurando e bum… Explodia! Acho que até hoje meu choro acontece assim. Agora, com filha pequena em casa, chegou o momento de exercitar a paciência, mas, principalmente, a empatia.

Não é nada fácil! Com certeza, já usei automaticamente o texto padrão para a Manu parar de chorar porque, em alguns momentos, o estresse toma conta: poderia ser filha e mãe chorando! Que feio, né? Feio, nada! Mostrar para o seu filho que você está triste, que tem suas fragilidades e limites pode ser muito positivo, na medida em que você explica para ele o que está acontecendo.

Mas, voltando ao choro infantil… Nesse texto, não vou entrar na questão do choro que chamado facilmente de birra (temos um texto sobre isso). Quero falar do choro que fica evidente uma causa que é socialmente justificável, como um tombo, uma doença, uma despedida na escola. Mesmo que o nosso limite de tolerância para essas situações seja maior, nossa tendência é minimizar a dor e calar o sofrimento.

Choro é a demonstração física da emoção. E, nesse caso, é a demonstração de outra pessoa. De uma criança. Não é da sua emoção. Como eu posso saber se já parou de doer? Quem somos nós para avisar que não precisa chorar? De uma forma indireta, mas bem importante, estamos ensinando aos nossos filhos a não dar vazão aos seus sentimentos, por não ser tão importante como pensa. Incentivar que o choro cesse de forma forçada não vai fazer ninguém se sentir melhor ou ser tomado de alegria novamente. Só gera inibição quanto a si mesmo e na forma de se colocar em um momento de insegurança, fragilidade ou dor. Quando maior, em uma situação mais “adulta”, aquela criança poderá também conter seus problemas. Então, acolha o choro do seu filho! Para ele, será muito importante saber que pode contar com seus pais nesses momentos. Será uma demonstração recíproca de confiança!

2 Comments

Leave a Comment