A Mulher, a Maternidade e a Criança Alimentação e Nutrição Infantil

Adultos que cuidam da sua própria alimentação ajudam seus filhos a comerem melhor

Diariamente, respondo dúvidas maternas sobre como realizar a introdução alimentar dos seus filhos!
?Quais alimentos oferecer?
?Quantas refeições são necessárias?
?Qual a quantidade?

Esses são só ALGUNS exemplos de perguntas! Por consequência, muitas sugestões acabo dando, geralmente relacionadas sobre como o adulto deve agir em função do bebê!

Porém, se precisasse dar um conselho único para ajudar todas essas crianças a terem um início melhor, eu recomendaria que essas mães (e pais) buscassem melhorar a sua própria alimentação! Para uma criança desenvolver hábitos alimentares adequados, é preciso que o ambiente dela seja coerente. Não adianta cozinhar brócolis orgânicos para o bebê comer sentado à mesa, se, mais tarde, você devorará um hot dog no sofá vendo TV. Se você ainda não conhece, recomendo a leitura do Guia Alimentar para a População Brasileira! Ele não traz as especificidades da alimentação infantil, mas é uma referência excelente para um adulto planejar suas próprias mudanças.

Trago aqui os 10 passos para uma alimentação adequada e saudável que o Guia propõe:

?? Faça de alimentos in natura ou pouco processados a base da sua alimentação: esses alimentos são a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Variedade significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes – e variedade dentro de cada tipo – feijão, arroz, milho, batata, mandioca, tomate, abóbora, laranja, banana, frango, peixes etc.

  • O que o bebê ganha com isso? Esses são exatamente os alimentos que um bebê precisa! Nada mais do que isso, sem restrições ou exceções! Quanto maior a variedade alimentos que esse bebê for exposto, maior será seu repertório alimentar. Assim, mesmo quando chegar a idade em que tende a ser mais seletivo, ele selecionará os alimentos partir de um número maior de itens.

?? Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades para cozinhar: Utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, os óleos, as gorduras, o sal e o açúcar contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desbalanceada.

  • O que o bebê ganha com isso? Exceto o açúcar, óleo e sal podem fazer parte da alimentação do bebê, sendo utilizados com muita cautela. Para você conseguir compartilhar suas refeições com o bebê, nada melhor que no seu prato também tenha menos sal e gordura! E muito mais temperos naturais!

?? Limitar o consumo de alimentos processados: os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos processados – como conservas de legumes, compota de frutas, pães (que não são preparados em casa) e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Em pequenas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.

  • O que o bebê ganha com isso? Esses são alimentos sem a menor necessidade de aparecerem no prato do bebê. Em situações eventuais, um pão de padaria ou um milho enlatado em uma torta não vão ser o fim do mundo! Mas não é um hábito a ser incentivado.

?? Evite o consumo de alimentos ultraprocessados: devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados (aqueles cuja lista de ingredientes é enorme e com itens não reconhecidos como comida – como biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

  • O que o bebê ganha com isso? Esses alimentos são muito pobres nutricionalmente e seu consumo (por mais que muitos sejam fortificados) está associado com diversas deficiências nutricionais e excesso de peso. Geralmente, o bebê que consome esses alimentos diminui o interesse por frutas, legumes e verduras.

?? Coma com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia: procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se envolver em outra atividade. Procure comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimento. sempre que possível, coma em companhia, com familiares, amigos ou colegas de trabalho ou escola. a companhia nas refeições favorece o comer com regularidade e atenção, combina com ambientes apropriados e amplia o desfrute da alimentação. Compartilhe também as atividades domésticas que antecedem ou sucedem o consumo das refeições.

  • O que o bebê ganha com isso? É muito mais fácil trazer um bebê para uma mesa com a sua família se divertindo do que para uma mesa sozinho. Comer com regularidade e em ambiente adequado também é uma forma de sinalizar para o bebê um comportamento que se espera dele.

?? Faça compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados: procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras livres e feiras de produtores e outros locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.

  • O que o bebê ganha com isso? São em sacolões e feiras onde estarão muitos dos alimentos que o bebê precisa! Se forem alimentos orgânicos, mais um plus para a sua saúde. Além disso, permitir que o bebê se acostume a frequentar esses espaços auxilia que ele tenha intimidade com os alimentos que estão no seu prato.

??Desenvolva, compartilhe e exercite as habilidades culinárias: se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá- las, principalmente com crianças e jovens, sem distinção de gênero. Se você não tem habilidades culinárias – e isso vale para homens e mulheres –, procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e… comece a cozinhar!

  • O que o bebê ganha com isso? Quando você cozinha, você sabe exatamente o que está oferecendo ao seu filho. Além disso, cria-se um maior valor afetivo pelo alimento. Crianças que crescem em ambientes em que a família cozinha tende a estar mais próxima das etapas de preparo dos alimentos.

??Planeje o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece: planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Faça da preparação de refeições e do ato de comer momentos privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação.

  • O que o bebê ganha com isso? Quando você dedica um tempo para pensar na sua alimentação, você acaba proporcionando uma alimentação mais saudável, pensa em alimentos e preparações mais adequadas para os filhos e evita decisões de última hora (o famoso “abrir a geladeira” para pensar no que irá fazer para as crias). Assim, a alimentação passa a ser uma parte mais importante do seu dia. Quando você se planeja, você, ao final, acaba economizando tempo.

??Dê preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições fora da hora: No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora e a preço justo. restaurantes de comida a quilo podem ser boas opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em escolas ou no local de trabalho. evite redes de fast-food. 

  • O que o bebê ganha com isso? Quando você come em um lugar com comida fresca e caseira, é mais fácil que seu filho possa te acompanhar.

?? Seja crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais: Lembre-se de que a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas. avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.

  • O que o bebê ganha com isso? Quando você evita publicidade, de forma geral, estará evitando a publicidade infantil. Saiba que crianças, mesmo que pequenas, são extremamente vulneráveis a rótulos chamativos e comerciais.

Veja! É muito mais fácil acertar com o bebê quando toda a rotina alimentar da casa já está saudável! Então, procure melhorar seus hábitos mesmo antes do bebê começar a comer! Vai fazer bem para você e para ele! Invista em você!

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