A Mulher, a Maternidade e a Criança

A chegada da Ariane

Passei muitos dias definindo este meu segundo parto como “intenso”. Realmente, foi muito intenso, mas hoje, decidi contar com mais detalhes.

Já contei aqui a aventura do parto da Lívia, meu primeiro parto, quando me informei mais sobre parto humanizado, parto normal, cesárea, mas bastante em cima da hora, o que impediu que estivéssemos tranquilos e bem preparados na reta final. Por fim, o parto foi normal, mas acabamos passando por um estresse desnecessário e que nos fez repensar e planejar muitas coisas para um segundo filho.

Soubemos da gravidez da Ariane em junho, a Lívia estava com 21 meses e já estávamos ansiosos pelo segundo filho. Como contei, desde o parto da Lívia procuramos nos manter melhor informados sobre assistência à gestante e partos, então quando soubemos da gravidez começamos a discutir sobre o parto. Decidimos pelo parto natural hospitalar com o mesmo obstetra que acompanhou o parto da Lívia e sua equipe (obstetra, doula, psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta).

A gestação foi bastante tranquila, sem intercorrências médicas. Ao completar 38 semanas, a ansiedade foi ficando cada vez maior em mim. Imaginava o parto da Ariane baseado no que vivi com a Lívia! A expectativa era muito grande, pensava nas contrações, em como e onde eu estaria durante o trabalho de parto, quantas horas duraria este momento, nas pessoas que estariam comigo, se seria de madrugada ou durante o dia, em que posição, na emoção de segurar minha bebê no colo logo após o parto e em poder amamentá-la nesta hora.

Completamos 40 semanas e as pessoas começaram a questionar se não estava demorando para nascer. Isto só fazia aumentar minha ansiedade. Imaginava que a qualquer momento as contrações começariam e isso fazia com que eu me agitasse com qualquer sinal delas (senti algumas durante a semana mas não caracterizavam o trabalho de parto ainda).

Optei por sair de licença do trabalho neste momento para conseguir descansar e me conectar com a pequena que estava a caminho. Então, na madrugada de segunda para terça feira, depois de um dia descontraído com direito a massagem relaxante, a bolsa estourou! Eu estava dormindo e a primeira coisa que pensei foi que estivesse fazendo xixi na cama, mas logo percebi que não podia controlar a saída de líquido e ai que me dei conta do que estava acontecendo.

Entrei em contato com a equipe e decidimos o melhor momento de ir ao hospital. As contrações começaram a surgir ritmadas e com intensidade aumentando sucessivamente. Tomei banho, me arrumei, tomei café da manhã e nos dirigimos ao hospital. O caminho era longo até a maternidade, quando chegamos lá a doula (Thais) e a obstetriz (Juliana)  já nos aguardavam. Passei pela triagem e voltei à recepção para aguardar liberação da sala de pré parto.

Nesta altura, as contrações estavam diminuindo de intervalo e aumentando muito de intensidade. Thais me ajudava a ultrapassar cada uma de forma mais tranquila e em posições mais confortáveis. Logo eu já não conseguia conversar e mal ouvia o que falavam ao meu redor, só tinha tempo de respirar entre uma contração e outra. Vi a pediatra chegar, nos conhecemos ali, ela sentou do meu lado mas mal conseguimos conversar naquela hora. Quando a sala foi liberada, optei por ficar no chuveiro, com auxilio de uma bola e muita água quente. Me lembro de ter a Juliana, a Thais e o Fausto (meu marido) o tempo todo ao meu lado ajudando a aliviar as dores e me apoiando e encorajando. Tive medo, achei que não conseguiria, pensei que fosse desmaiar! Mas ao mesmo tempo me sentia segura com eles!

De repente, senti uma vontade de fazer força, parecia que iria evacuar, porém a Juliana me avisou que era minha pequena chegando. Fomos para sala de parto! Sentei na banqueta de parto com apoio do Fausto e a Juliana me auxiliava a coordenar a força e a respiração. Era inevitável gritar, gritei muito e achei ótimo! Lembro-me da Thais sempre por perto auxiliando no alívio das dores com cheirinhos mágicos! A sala estava escura e isso me ajudava a me acalmar. A dor mudou, deu lugar a uma ardência e então a Juliana e doutor Alberto (que eu não vi chegar mas estava lá também) me avisaram que a Ariane estava bem pertinho! Fiz força, pedi pra tirarem ela!! Mais força e senti a cabecinha dela saindo. Ouvi doutor Alberto dizendo que estava com circular de cordão…desenrolou. Força de novo, minha pequena estava ali, chegou ao mundo e veio diretamente para meus braços!

parto

É difícil descrever, a emoção foi enorme! Foi tudo conforme planejamos, um parto natural, cheio de amor e respeito. Porém, em nenhum momento imaginei que seria tão rápido (desde o rompimento da bolsa até o nascimento foram 7 horas), eu fiquei por um tempo na partolândia, como diz doutor Alberto, sem acreditar, com certa sensação de “eu não vi passar”. Demorei alguns dias para acreditar no que vivi. Embora soubesse que um parto poderia ser completamente diferente do outro, e tivesse sido avisada pela equipe que o segundo tende a ser mais rápido, não me preparei para isso.

De qualquer modo, a felicidade não cabia em mim! Ariane nasceu de forma linda e ficou juntinho de mim o tempo todo. Ela foi avaliada na sala de parto, mamou bastante e depois seguiu para o quarto comigo, no meu colo! Uma experiência transformadora, sem igual, e vivida num dia muito especial: 08 de março.

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  • Que legal! Parabéns!! Estou grávida e buscando informações sobre parto natural. Será que você poderia informar qual hospital você teve a Ariane? E se puder passar os contatos dos profissionais também, seria ótimo. Obrigada e felicidades!

    • Olá Carol!
      Parabéns pela gravidez e pela iniciativa de buscar informações nesta fase. É muito importante estar esclarecida sobre as possibilidades para poder escolher! A Ariane nasceu no Hospital São Luiz na unidade Itaim, com a equipe do programa Parto Sem Medo. O obstetra foi o Dr. Alberto Jorge Guimarães.
      Um abraço.

  • […] Sai de lá como se ela tivesse iluminado a minha mente e o meu coração. Ela sugeriu que eu resignificasse meu parto e conversasse bastante com a Ariane, afirmando sua chegada e minha presença pra ela. Seguindo os […]

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