A Mulher, a Maternidade e a Criança

Bebê depois dos 6 meses que não dorme bem à noite? Isso se chama angústia da separação!

Toda mãe, quando tem o seu bebê, já está sob aviso de que ele terá um padrão de sono bem diferente do adulto: nas primeiras semanas, não faz distinção entre dia e noite; por vários meses, acorda de madrugada para mamar… Isso é um padrão entre a maioria dos bebês saudáveis, que não tem o mesmo ritmo de nós, adultos. Alguns bebês apresentam um perfil diferente e, surpreendentemente, começam a dormir várias horas seguidas à noite. Isso não é o mais comum e saiba que dormir mais ou menos tempo não tem relação com mamar no peito ou tomar fórmula, a não ser que o bebê o bebê tenha mais dificuldade para digerir a fórmula do que o leite, deixando-o mais sonolento (mas não por um bom motivo e sim porque estamos sobrecarregando seu sistema digestório).

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Mas, algo que percebo com muita frequência que desestabiliza as famílias é aquele bebê que já iniciou a alimentação complementar, está com 6, 7 meses e, de repente, começa a acordar de madrugada em intervalos cada vez menores, tarda para pegar no sono novamente, mostra-se visivelmente mais irritado e, em geral, só se acalma na presença da mãe. Se pensarmos rapidamente, não faria sentido essa regressão no desenvolvimento, dado que ele deveria estar mamando menos por já comer, mas ele faz exatamente o contrário! Pode mamar quase ininterruptamente. Podemos achar que é um salto de desenvolvimento! Mas, depois de semanas, ainda não passa! Aí, mais cedo ou mais tarde, vai bater a desconfiança de que é manha ou vício no peito. Duvido que essa mãe não vai ouvir uma sugestão para fazer, pelo menos, o desmame noturno que, mesmo torcendo para que essa não seja a decisão dessa mulher, tende a não adiantar nada. Sabe por qual motivo? O seu bebê, mesmo não parecendo, está em uma fase muito importante de desenvolvimento, a qual é chamada de angústia da separação. Você já ouviu falar?

Eu nunca tinha dado tanta atenção a ela antes de ficar um, dois, três dias passando horas ninando a Manu para dormir e, quando a colocava no berço, depois de menos de 2 horas, ela já estava urrando de tanto chorar. E, se em vez de mim, era o pai quem iria acolher, a situação só ficava mais tensa. E ela era uma dessas exceções que, desde os dois meses, dormia cerca de 8 horas seguidas, depois de fazer sua última mamada por volta das 20h. Eu, que tinha voltado a trabalhar a menos de um mês, estava esgotada e com o humor a flor da pele.

Então, vamos entender que tal de angústia que acaba atacando a família inteira!

O bebê, nos primeiros meses de vida, mesmo estando fora do útero, ainda não apresenta a percepção da extensão do seu corpo e de que já está separado de sua mãe. Peito, mãe e bebê são um ser único, que funciona de forma (para ele, pelo menos) bastante harmônica. Porém, esse bebê cresce, já se senta, segura objetos, já se alimenta de outros alimentos além do leite, ameaça de engatinhar… Ele começa a ficar independente! Essa independência, além de gerar uma certa melancolia na mãe, deixa o bebê atordoado e inseguro, pois ele começa a perceber que sua mãe some por mais tempo do seu campo de visão. É um momento de separação entre mãe e bebê, que é doloroso e, assim o bebê se manifesta solicitando intensamente essa mãe, além de ter um sono mais conturbado por conta de sonhos que também gerarão incômodos. Daí a explicação da sensação de que nossos bebês estão regredindo. Na verdade, não estão! Eles estão se desenvolvendo, mas tentam se proteger dessa angústia buscando quem lhes dá conforto.

O que podemos fazer de melhor nesse momento é acolher. Se você consegue manter a disponibilidade física e emocional, nada mais benéfico do que dar a ele bastante carinho e peito. Se isso está sendo sofrido para você, tente se organizar com o pai/companheiro, família ou outros apoios para te apoiarem nesse cuidado extra que vai dedicar ao bebê. Nada mais justo do que poder abrir mão de preparar o jantar, lavar louça, poder dar uma escapada no fim da tarde para tomar um chá com as amigas… Isso não é nada mais do que uma forma de todos demonstrarem carinho ao bebê.

Mas e a madrugada? Foi o momento em que virei adepta da cama compartilhada! Foi a forma mais saudável que encontrei para nós três: pai, mãe e bebê. Eu já não poderia dormir durante o dia porque trabalhava e não conseguia virar a noite sem dormir. As primeiras semanas foram de adaptação, mas logo se tornou bastante tranquilo, pois a Manu até diminuiu as mamadas noturnas por me ter fisicamente do seu lado. Eu também me fortaleci emocionalmente porque, além de conseguir dormir, era o momento de ter minha filha por perto, já que passava o dia todo sem ela. Quando ela completou um ano, fiz o exercício de incentivá-la a ficar no berço e, de forma mágica, em poucos dias, ela adaptou-se novamente ao seu quarto. Angústia superada! Afinal, ela já era um outro bebê.

Pode ser que, com você, as coisas aconteçam diferentes. Vocês podem não gostar de dormir juntos. Ele pode aceitar outra pessoa além de você. Pode ser mais longo, mais curto, mais ou menos intenso. Mas, mães que estão vendo o seu bebê deixar seus dias e noites de pernas para o ar… Acreditem! Uma hora, isso passa!

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