Talvez não exista maior medo entre as famílias do que o de seu bebê sofrer um engasgo. Como trabalho, especialmente, com o período de introdução de alimentos, recebo perguntas de mães sobre o risco de um alimento provocar engasgo ou não. E esse medo tem fundamento porque engasgo é considerado uma emergência médica, ou seja, algo precisa ser feito rapidamente para evitar um risco à vida.
Porém, é importante saber que engasgo não é algo que acontece a toda hora. É um episódio relativamente incomum. E também é importante saber o que é engasgo. Aí mora uma grande confusão, pois temos o hábito de associar o engasgo com qualquer episódio onde um alimento ou bebida (ou outros objetos) parece não ter “descido” da forma certa. Quem nunca falou que engasgou depois ter ficar tossindo inúmeras vezes? E isso pode ter sido com um copo de suco, um alimento mais seco e, mesmo, bem pequeno.
Mas, segundo a literatura, engasgo é outra coisa. É o BLOQUEIO da traqueia por algum corpo estranho. Isso pode ser, realmente, qualquer coisa, desde alimentos, bebidas, objetos, vômito ou sangue. Nesse caso, é necessário realizar uma intervenção chamada Manobra de Heimlich. Quando se trata de um bebê, a Manobra é da seguinte forma:
Toda família deveria ser orientada a realizar essa manobra, não porque seu filho vai engasgar. Mas porque, caso o engasgo ocorra, com procedimentos simples, pode-se evitar ter que sair correndo de casa em busca de um atendimento de emergência.
Agora, é importante retomar o que tende a acontecer com a maioria dos bebês: o gag reflex. Gag reflex ocorre para evitar algo que não faz parte do processo natural de comer e engolir. O gag, na verdade, evita o engasgo e uma possível asfixia da pessoa. Ele é caracterizado, então, pela ocorrência de tosse e sensação de ânsia de vômito. Os bebês geralmente chegam a devolver o pedaço do alimento causador do gag, simulando um vômito. Logo após, eles agem como se nada tivesse lhes acontecido. Sem sinais de desconforto ou alterações de humor.
Enquanto adultos, temos que tomar alguns cuidados para evitar engasgos dos pequenos e, também, para não apavorar o bebê sem necessidade:
- Evite alimentos muito duros, como castanhas, nozes e pipoca (que tem aquela casca amarela);
- Cozinhe alimentos que possuem consistência mais rígida, quando crus, como maçã e cenoura. A maçã também pode ser cortada em fatias bem finas (quase transparentes);
- Quando você se deparar com alimentos muito lisos e pequenos, como tomate cereja e uvas, corte-os pela metade, no sentido do comprimento;
- Atenção para alimentos que vão esfarelar na boca com muita facilidade, podendo, quando misturados com a saliva, formar um bolo mais consistente e grande;
- O engasgo é percebido quando o bebê parece tentar respirar e não conseguir. Além disso. depois de alguns instante), ele mudar de coloração. Quanto estiver tossindo, o bebê está tendo um gag reflex. Nessa situação, quanto menos intervenção, melhor. Mesmo que você perceba que pode dar uma ajuda retirando o alimento da boca do bebê, tente fazer isso com calma e falando com tranquilidade. Assim, você evita que o bebê fique inseguro para se alimentar futuramente;
- Assista a vídeos de gag reflex. Isso pode ajudar a manter a tranquilidade.
Por último, é importante frisar que o método do BLW, sendo praticado adequadamente, não aumenta o risco de engasgos do bebê. Veja o artigo publicado na revista Pediatrics! Ele trata desse assunto, que comparou as diferentes abordagens e a incidência de engasgos. Para prevenir risco, basta praticar o BLW com segurança!