ocê sabe que pré-natal e amamentação tem muito a ver? Muitas vezes, a mulher se prepara tanto para o parto, mas não pensa tanto sobre o momento da amamentação. Aqui, trazemos a equipe do Parto Sem Medo, que é uma referência nacional em partos humanizados para falar sobre pré-natal, parto e aleitamento materno. Participam da equipe o Dr. Alberto Jorge de Sousa Guimarães (obstetra), a Dra. Marcia Dias Zani (neonatologista), Juliana Freitas (obstetriz) e Thaís Helena (doula). A Equipe do Parto Sem Medo estará no III Encontro para a Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação, no dia 3, conduzindo uma roda de conversa sobre esses assuntos.
Equipe do Parto Sem Medo no nascimento da Ariane, filha da Dione e do Fausto
Viviane: Uma mulher que busca um parto humanizado deve estar atenta a quais informações quando o assunto é o atendimento pré-natal? O que ela deve discutir com o seu obstetra para não correr o risco de uma cesárea desnecessária?
Equipe Parto Sem Medo: Uma mulher que busca o parto humanizado durante o pré-natal deve atentar-se ao atendimento multidisciplinar, se há valorizaçãfo da parte clínica, se não há excesso de exames, mas o necessário para atender a demanda da mulher, pois cada atendimento é único. O parto deve ser discutido de forma ampla, desde as posições, até quando o profissional espera, se ele atende VBAC (parto normal após cesariana), parto na água etc. É muito importante que a mulher se sinta segura e acolhida.
Viviane: Parto e amamentação devem ser os dois assuntos que mais afligem a gestante, além de termos um cenário nacional bastante desfavorável quando o assunto é parto humanizado e aleitamento materno exclusivo. Como esses dois assuntos se relacionam?
Equipe Parto Sem Medo: acreditamos que o trabalho de parto e o parto sejam um desafio inicial e que oferece a base para a mulher viver toda a intensidade do puerpério em especial se fortalecer para superar todos os possíveis obstáculos que podem surgir durante a amamentação. Esperar o trabalho de parto acontecer espontaneamente faz com que a amamentação seja fisiologicamente favorecida, principalmente em um parto humanizado onde a primeira hora de vida é super valorizada com contato pele a pele e o aleitamento se o bebê assim desejar.
Viviane: O Ministério da Saúde recomenda que o preparo para a mulher amamentar inicie-se durante o pré-natal. O que você recomenda a uma gestante?
Equipe Parto Sem Medo: recomendamos que a mulher se organize com a rotina de casa para que ela possa se entregar para a amamentação, visto que principalmente durante os primeiros meses de vida o bebê solicita muito a presença da mãe, por isso as atividades como arrumar a casa, lavar roupa e cuidar dos filhos mais velhos precisam da participação do (a) companheiro (a) e de quem se dispuser a ajudar. É fundamental que seu companheiro (a) e parentes próximos entendam os benefícios do aleitamento materno exclusivo e em livre demanda e o não uso de bicos artificiais como mamadeiras e chupetas. Esse talvez seja o ponto de maior dificuldade para o sucesso da amamentação, a falta de confiança e apoio. Recomendamos que o casal participe de atividades como cursos, oficinas e grupos gratuitos. Com relação ao preparo físico, é importante por exemplo que a mulher reconheça uma pega correta, não há muitas recomendações baseadas em evidências quanto ao preparo das mamas, a não ser o banho de sol.
Viviane: Favorecer o contato pele a pele nos primeiros 30 minutos de vida de um bebê é um dos pontos importantes para o estabelecimento da amamentação. Como você observa atualmente isso acontecendo nas maternidades? As famílias estão cobrando mais ou os hospitais estão fazendo espontaneamente? Há dificuldades?
Equipe Parto Sem Medo: quando fazemos uma comparação ao cenário de 5 anos atrás, bastante coisa melhorou. Com relação ao contato pele a pele o SUS sempre esteve à frente e agora não é diferente. No setor privado tem melhorado, mas depende do hospital, do plantão e da conduta profissional, para assegurar o contato pele a pele prolongado e o apoio incondicional à amamentação é importante ter um neonatologista sensibilizado á essas questões. Em São Paulo, os hospitais que fazem parte do Programa Parto Adequado melhoraram esses índices, enquanto os outros ainda deixam muito a desejar.
Além dessa atividade, teremos tantas outras durante o evento. Acompanhe todas as informações pelo Facebook. Faça aqui sua inscrição para o Seminário Científico do dia 2.
