Quando o bebê completa 6 meses, as suas necessidades nutricionais tendem a não serem mais satisfeitas por meio do aleitamento materno ou pelas fórmulas: energia, proteínas, carboidratos, gorduras e diversas vitaminas e minerais precisam vir de outra forma para atender a tudo que o bebê precisa. Assim, gera-se angústia nas famílias e, claro, principalmente nas mães sobre o quanto esse bebê precisa comer para não correr riscos.
Essa angústia torna-se ainda maior quando a alimentação complementar inicia-se e o bebê come menos do que o adulto espera ou, ainda, não come nada. Esse bebê pode ficar desnutrido? Vou esclarecer algumas questões!
- Eu comentei que as necessidades nutricionais tendem a não serem mais satisfeitas a partir do sexto mês, mas isso não significa, nem de longe, que o aleitamento materno perde sua importância. Pelo contrário! Ele continua sendo a principal fonte de nutrientes até o primeiro ano de vida do bebê. Não é à toa que damos o nome de alimentação complementar ao que oferecemos ao bebê nessa idade: a alimentação completa o leite e não o contrário. E digo mais! A representatividade do leite materno vai diminuindo gradativamente e de forma individualizada. Se uma mãe permanece em tempo integral com o bebê e o alimentando sob livre demanda, certamente, esse bebê conseguirá se nutrir muito mais a partir da amamentação quando comparado ao bebê que é amamentado em horários controlados.
- Partindo desse princípio, de que o aleitamento materno é o principal alimento, é também importante sabermos que a alimentação complementar tem diversas outras funções, além de nutrir o bebê. Sou até capaz de dizer que essas funções são mais importantes do que o aspecto nutricional. Inserir o bebê na rotina alimentar da família tem a ver com socialização, formação da relação do bebê com a comida e dos seus hábitos alimentares, além de auxílio no desenvolvimento oral, motor e cognitivo. Aqui, quero deixar claro que, mais importante do que quanto o bebê come, é como ele passa pela experiência da introdução de alimentos. Nada adianta um bebê limpar o prato à base de enganações com tablets e aviãozinho.
- Ligado ao item anterior, quero frisar a individualidade do bebê. Comparar o seu com o da vizinha pode ser uma grande frustração. Um bebê comer tudo desde o início da introdução alimentar pode estar tudo bem. Um bebê não querer abrir a boca também pode estar tudo bem. Esse é um dos grandes motivos pelo qual eu defendo o BLW. O BLW reconhece que bebês têm tempos diferentes e será ele quem mostrará os sinais de quanto quer comer (e quanto quer comer).
- Para terminar, quero falar dos sinais de prontidão. Introdução alimentar quando o bebê sequer consegue sentar-se (com mínimo de apoio) já é sinal de que o bebê não está pronto. Bebê que não mostra interesse pela alimentação da família e não consegue segurar objetos com facilidade também pode demandar de um pouco mais de tempo.
Trabalhadas essas informações, volto ao tema da quantidade. O bebê comerá até o momento em que rejeitar a refeição, seja método tradicional ou BLW. Ele possui um estômago pequeno, que comporta menos do que o volume de um copo de 200mL. Mas ele pode comer várias vezes ao dia. Segundo o Ministério da Saúde, até completar o sétimo mês, o bebê já pode ter dois lanches (com frutas), além de almoço e jantar. E nessas refeições, o que é importante de ser proporcionado é a variedade. Alimentos de diferentes grupos, cereais, raízes, tubérculos, feijões, verduras, legumes, feijões, frutas, carnes vermelhas, brancas e ovos, precisam aparecer nessas refeições. Dessa forma, além de oferecermos diferentes nutrientes ao bebê, proporcionamos diferentes sabores, texturas, aromas, temperaturas, algo que é muito importante quando o assunto é introdução alimentar. Então, quando o bebê está recebendo a alimentação complementar, observe seu estado geral. Sua saúde esá boa? Ele se desenvolve dentro do esperado? O peso não diminui sem motivos e crescimento continua? Sinal de que o que ele está recebendo está sendo o suficiente!