No texto anterior, fiz uma provocação sobre o quanto o BLW deve descomplicar em vez de dificultar a vida da família, em especial, a da mãe.
Então, aqui vão quatro questões a serem pensadas por quem deseja começar a introdução de alimentos pelo BLW ou, melhor, realizando o processo de alimentação guiado pelo bebê:
- Dado que o bebê iniciará a alimentação complementar ao 6o mês, como estará a rotina da família nesse momento? Se a mãe terá voltado ao trabalho, avalie em quais refeições ela estará presente. Avalie, com o mesmo grau de importância, se o pai está disponível para partilhar os cuidados ou pode iniciar esse processo. Avalie, também, se existem outras pessoas da família que farão esse apoio, como avós e irmãos mais velhos.
- O bebê irá para uma escola, creche ou berçário? Converse com os locais em que você for visitar sobre como conduzem a introdução de alimentos. Caso não relatem o BLW espontaneamente (a maior probabilidade é essa), verifique o conhecimento sobre a técnica, a sensibilidade dos educadores e da direção para promover a autonomia dos bebês no momento da refeição e, também, a estrutura física e de recursos humanos para tal. Caso note resistência e/ou insegurança, repense a manutenção do bebê na instituição. Outra possibilidade é repensar o formato da introdução de alimentos no local.
- O bebê ficará com um cuidador em casa? Tenha essa pessoa próxima a vocês nos momentos das refeições do bebê. Assim, ela conhecerá melhor como é o BLW de forma bem prática. Converse bastante com ela, mostre vídeos e ensine a agir em caso de engasgos (isso deve ser ensinado a qualquer cuidador, independente de praticar BLW ou não). Caso note resistência e/ou insegurança, repense a manutenção do cuidador ou o formato da introdução de alimentos.
- Como é a alimentação de quem se relaciona com o bebê (mãe, pai, irmãos, outras pessoas que moram na casa, cuidadores)? Já é uma alimentação cuja a maioria dos componentes poderia ser compartilhado com o bebê sem necessidade de grandes ajustes? É importante que a família faça a refeição sentada, preferencialmente, à mesa, sem televisão e outros equipamentos que causem distração. Caso essa não seja a rotina, é importante refletir se há disponibilidade para uma mudança coletiva.
Pensou nisso? Agora, quero trazer alguns aspectos a serem considerados favoráveis ao BLW!
- Introdução de alimentos é uma fase. Teoricamente, um bebê ao completar um ano de vida, pelo método tradicional, já estará na alimentação da família. A proposta do BLW é que o bebê esteja na rotina da família desde o princípio.
- Hoje, pode ser mais trabalhoso, mas depois tende a ser mais simples no futuro. Quando o bebê começa a se alimentar, ele tem uma coordenação motora que precisará se desenvolver bastante. Além disso, ele estará aprendendo a se relacionar com o alimento e a comê-lo. Um bebê que come papinhas não passará por essas etapas a partir da alimentação. Mas o que observamos, após alguns meses, é que o bebê com alimentação pelo BLW desenvolve mais rapidamente a habilidade para se alimentar, inclusive com talheres. Assim, você simplifica a vida depois de algum tempo de investimento.
- Você está investindo numa relação mais positiva do bebê com a alimentação. Um bebê que não é forçado a comer e que está inserido em um ambiente com diversidade de alimentos que podem ser explorados ao seu tempo tende a formar uma memória saudável sobre alimentação que refletirá em toda a sua infância e, inclusive, na vida adulta. De que adianta um bebê que limpa o prato da papinha com 6 meses, mas que desenvolverá uma série de aversões quando puder se alimentar sozinho?
- Se não deu certo fazer BLW logo no começo, você pode tentar no futuro. BLW ou método tradicional não é um caminho sem volta. Família, cuidadores e bebê precisam estar receptivos. Se algo deu errado no começo, nada impede que se tente novamente depois de algumas semanas ou meses. E, se você começou pelo método tradicional, também pode ousar o BLW no meio do processo de alimentação complementar. Aliás, existem casos de sucesso no qual o bebê recebe alimentação na forma tradicional na escola, por exemplo, e em BLW com os pais.
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