Por Viviane Laudelino Vieira
O Baby Led Weaning, mais conhecido como BLW, vem ganhando cada vez mais visibilidade no contexto da alimentação infantil, por considerar o desenvolvimento e autonomia do bebê. Já explicamos o BLW e seus princípios básicos em outro texto do Maternidade Sem Neura e, inclusive, várias receitas que publicamos são apropriadas para o BLW.
Ainda são poucos os trabalhos científicos que abordam o BLW e seus benefícios. Um dos mais recentes foi publicado por Sonya Lynne Cameron e colaboradores na British Medical Journal nesse ano. Nesse trabalho, é feita uma comparação entre o que profissionais e mães sabem, fazem e acham sobre BLW. Aqui no Brasil, por exemplo, ainda são poucos os profissionais que trabalham com BLW e ainda há baixa compreensão sobre o assunto, gerando mitos e veiculação de malefícios sem embasamento. Por outro lado, não podemos esquecer que profissionais da saúde têm papel importante na orientação da introdução de alimentos.
A pesquisa do tipo qualitativa foi feita usando entrevistas com 31 profissionais e 20 mães do Reino Unido que usam o BLW. Verificou-se que a compreensão dos profissionais estudados sobre o assunto limita-se à característica do bebê comer alimentos inteiros sozinho. Enquanto isso, mães definem como a alimentação sem uso da colher de itens que possam ser consumidos com a mão e permitindo o próprio bebê controlar o quanto ele come.
Os profissionais apontam diversas vantagens para o uso do BLW, como a importância do bebê comer com a família e experimentar alimentos variados, porém eles se questionam quanto ao risco do engasgo e de deficiência de ferro e de energia e, por isso, são relutantes para indicar a técnica por ainda acharem que as mães ficarão mais tensas caso seus filhos não comam. Em contraste, as mães que aplicam o BLW consideram ser menos estressante essa forma de alimentação, além de mais saudável e prática. As mães, em geral, não relatam receio com relação a engasgos e são preparadas para agir diante de uma situação de emergência.
A partir desses dados, podemos perceber o quão distante está a compreensão dos profissionais em relação ao BLW e sobre como as famílias se sentem em relação a essa prática, subestimando a potencialidade das famílias em conduzir o processo de forma tranquila. O receio do profissional em relação à ingestão de ferro é justificada pelo fato dos bebês deixarem de comer cereais fortificados na forma de papa, ou seja, uma situação onde não se adquire nutrientes de forma natural. No Brasil, a recomendação é que todas as crianças nessa idade recebam suplementos e, mesmo assim, já se questiona se, com a manutenção do aleitamento materno, com uma introdução de alimentos bem conduzida e evitando o uso precoce do leite de vaca, realmente seria necessária a suplementação generalizada. Acreditamos também que um bebê não pressionado a comer será receptivo a uma alimentação mais variada, evitando o risco de deficiências.
Para a questão da quantidade insuficiente de energia, é importante que o bebê seja acompanhado constantemente com relação ao ganho de peso e crescimento, mas também é fundamental perceber que, nesse período, o aleitamento é o principal alimento e, se for oferecido sem imposição de limites, o bebê terá condições de experimentar novos alimentos sem ter seu desenvolvimento prejudicado. Fornecer uma alimentação com elevada densidade de energia, mas sem uma consistência atrativa e forçando para que o bebê a coma certamente será mais prejudicial.
Com certeza, há muito para se descobrir e se certificar sobre o BLW. Mas já temos alguns elementos importantes que sinalizam benefícios potenciais e, mais do que isso, temos retorno bastante positivo de famílias que o praticam.
Quer saber mais sobre o BLW? Na próxima semana, haverá um curso para profissionais e estudantes falando sobre ele! Veja aqui os detalhes.
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