A Mulher, a Maternidade e a Criança

Procurando escola ou berçário para seus filhos? Veja algumas dicas para facilitar sua escolha!

Por Viviane Laudelino Vieira

Com o fim da licença maternidade, que acontece nos primeiros meses de vida, a maioria das mulheres volta ao trabalho remunerado (partindo do princípio de que não paramos de trabalhar de verdade em nenhum momento). Uma parcela dos bebês vai passar a frequentar creches, berçários e escolas e aí começa uma grande dificuldade para se escolher o melhor local. Aqui, trazemos alguns pontos importantes para serem considerados.

Qual o papel das creches e escolas de educação infantil? Muito mais do que um espaço para atender às necessidades básicas de um bebê (alimentação, higiene e sono), essas instituições são verdadeiras parceiras das famílias na educação das crianças. Muitos ainda acreditam que educar é uma responsabilidade específica dos pais, mas, se nosso filho passará quatro, seis, oito horas diárias nesse espaço, com certeza lá ele também está passando por um processo educativo. Por isso, o modelo pedagógico da escola precisa estar em consonância com a educação dos pais. Aqui nesse post, estou trazendo sugestões de pontos a serem observados em uma instituição voltada à educação infantil que respeite, acima de tudo, a infância e a diversidade, além de ser inclusiva. Não valorizo aqui pontos que prepare o filho para mercado de trabalho, intelectualização etc. Assim, é importante considerar, acima de tudo, o que a família busca!

escola

Os educadores: quando se tratam de bebês mais novos (até 12 meses), é ideal que exista, no máximo, um profissional para 6 a 8 crianças até 2 anos (e, mesmo assim, sabemos que esse é um limite já sofrível). Nessa faixa etária, nós mesmas sabemos o quanto eles demandam em relação a troca de fraldas, banhos, alimentação, sono, colo e brincadeiras. Então, poucos educadores não dão conta! Preste atenção em como eles lidam com as crianças. Como eles agem diante do choro (acolhem imediatamente, ficam perturbados, brigam)? Como interagem com as crianças (promovem leituras, cantos, brincadeiras)? Os educadores conversam com as crianças? Observe também o momento de troca de fralda e de banho e como manuseiam os bebês!

Os brinquedos: geralmente as escolas particulares capricham no arsenal de brinquedos disponíveis nos diversos ambientes. Mas, acredite! Bebês não precisam de tantos brinquedos. Eles precisam de objetos que os estimulem de diferentes formas: que possibilitem sons, diferentes texturas, cores, formas, que os auxiliem a se levantar. Não necessariamente precisam ser brinquedos comprados, com marca… Materiais do dia a dia, quando bem empregados, estimulam muito nossos filhos. Fique atenta se não há brinquedos incompatíveis com a idade (peças pequenas ou que ofereçam outro tipo de perigo).

O espaço físico: é importante que o espaço físico seja subdividido em várias áreas, diferentes entre si. Isso ajuda o bebê a não se cansar tanto. E a escola deve favorecer que o bebê percorra esses diferentes espaços. Valorize instituições que tenham espaços ao ar livre com grama, terra, árvores, areia. Mesmo que os bebês lambuzem muito mais roupas, o ganho com o desenvolvimento não tem preço. Os ambientes também precisam ser ventilados, tanto com janelas (protegidas) e ventiladores.

O sono: bebês precisam dormir e, na maioria das vezes, ainda não têm uma rotina estabelecida. É importante que a escola saiba lidar com essas diferenças sem forçá-los a dormir mas, por outro lado, conseguindo perceber os sinais de sono e auxiliando-os nesse momento. Talvez seja a primeira vez que o bebê dormirá sem mamar e certamente haverá dificuldades. Mas isso não significa que os bebês não desenvolvem outras formas para dormir com diferentes cuidadores. Por isso, é importante que o educador seja paciente, flexível e sensível nesses momentos. Também fique atento se não estimulam o uso de chupetas.

Carrinhos e bebês conforto: a escola precisa ter estrutura variada para os bebês, mas observe se os bebês não ficam muito tempo restritos em carrinhos ou cadeirinhas. Mesmo que dê mais trabalho, é importante que fiquem soltos.

Alimentação: provavelmente, esse é um ponto bastante crítico. Se você amamenta, verifique se a escola tem estrutura para receber leite ordenhado e, depois, para dar o leite para o seu bebê. Fique atento se há disposição para dar o leite em copo e nos horários em que o bebê esteja acostumado (pelo menos, para fazer uma transição até passar a receber leite em horários mais compatíveis à rotina da escola). Também observe se não te pressionam direta ou indiretamente para usar mamadeira, dar outro leite ou desmamar. Quanto ao cardápio, fique atento se não há produtos industrializados, preparações com açúcar ou fritas. Também questione o teor de sal do almoço e do jantar e o uso de sucos. Observe como os educadores interagem com os bebês na hora da refeição. É um momento descontraído? Há pressão para comer rápido ou comer tudo? Deixa o bebê ter contato com a comida? Há preocupação excessiva para que não se sujem? Veja também a consistência. São raras as instituições que fazem BLW, mas, de qualquer forma, a refeição não deve ser peneirada ou liquidificada. Fique atenta com a variedade dos alimentos e como evoluem a consistência ao longo do tempo.

Higiene: veja a quantidade de fraldas que a instituição solicita diariamente (em geral, quatro são suficientes) e se há rotina de banho, inclusive, quando o bebê faz coco. Veja como é a limpeza dos ambientes das refeições, banho e troca. Se você não precisa enviar os produtos de higiene, veja o que é usado rotineiramente. Os demais espaços precisam ser limpos constantemente, mas não precisamos ficar neuróticas. Afinal, é um espaço com bebês!

Outras perguntas importantes a serem feitas:

  1. Como é feita a comunicação entre pais e escola? É uma instituição em que os pais podem entrar para deixar e retirar seus filhos? Também é importante avaliar o quanto as famílias participam da construção da escola e da tomada de decisões.

  2. Como a escola age em dias de festas? Em muitas instituições, há liberação para as famílias levarem todos os alimentos que ficam fora do cardápio nos outros dias, além de acontecer uma valorização excessiva por presentes, lembranças e decorações e perde-se o intuito de celebrar o aniversário.

  3. Em caso de doença de uma criança, como agem? A partir de qual momento, restringe-se a ida de uma criança? É importante que a escola saiba diferenciar situações que realmente exponham as crianças a um risco real.

  4. Como lidam com conflitos entre as crianças e com situações em que a criança faça algo considerado errado? Avalie como a escola faz intervenções que não exponham as crianças, aproveitem tais episódios de forma positiva e que também considerem suas atitudes em função da sua faixa etária.

  5. Há datas comemorativas? Quais? Como são festejadas? Dia das crianças, dos pais ou das mães são datas controversas e precisam ter um sentido para serem comemoradas. Também reflita a forma como são construídas as comemorações. Faz sentido, por exemplo, crianças se fantasiarem com cocar, penas e sementes, trazendo somente uma lembrança estereotipada do índio?

Esse foi um roteiro para auxiliar as suas visitas às escolas! Você tem mais alguma sugestão? Conte para o Maternidade Sem Neura!

Se você gosta da página do Maternidade Sem Neura, vote aqui!!! Vamos ampliar cada vez mais a discussão sobre a importância da maternidade e da infância!

IMG_1568-2

2 Comments

Leave a Comment