A responsividade vem sendo discutida cada vez mais quando se fala de cuidados com o bebê. Aliás, ela é ainda mais discutida quando o assunto é alimentação complementar. Internacionalmente, vem sendo tratada a alimentação responsiva. No Brasil, fala-se da alimentação participativa. Esse termo remete às habilidades do cuidador de perceber o comportamento do bebê e agir em função dele. Assim, temos uma forma de cuidado prestado que vai além daquilo que está nos protocolos médicos. De que adianta iniciar a oferta de sólidos aos exatos 6 meses se o bebê não apresenta prontidão? Ou seria correto fazê-lo jantar ao sétimo mês, mesmo que ele mau-humorado e querendo mamar a partir do fim da tarde?
A responsividade também é fundamental para o BLW. Mesmo que o cuidador não lidere o processo de alimentação, ele precisa estar atento ao bebê para perceber quando ele quer vir à mesa, quando quer sair dela, quando precisa de mais alimentos ou quando quer se apropriar dos talheres.
No caso do BLW, quando o bebê alimenta-se sozinho, o cuidador precisa ter um comportamento responsivo caracterizado pelo baixo controle da situação. Isso foi confirmado em um estudo longitudinal que usou um questionário de alimentação infantil para alguns comportamentos maternos. Ele foi aplicado no primeiro e no segundo ano de vida. Em ambos os momentos, as mães que realizaram o BLW adotaram um estilo de alimentação mais responsivo, em comparação com aquelas que seguem uma abordagem tradicional. Essas mães relataram perceber melhor resposta à saciedade dos seus bebês, sugerindo maior controle de apetite.
Como adquirir essas habilidades?
- Observe os sinais de prontidão antes de iniciar a oferta de alimentos sólidos,
- Preste atenção no seu bebê para trazê-lo à mesa: ele precisa estar animado e sem fome para explorar os alimentos,
- Quando o bebê demonstrar sinais de irritação, retire-o da mesa, sem insistências,
- Perceba características do ambiente que acarretam em incômodo ao bebê: muitas pessoas, tons de vozes, proximidade…
- Caso o bebê seja alimentado por alguém, em vez de se alimentar sozinho, nunca introduza a colher à sua boca sem que ele demonstre interesse,
- Perceba as possibilidades para evoluir a consistência da alimentação do bebê (caso ele não realize o BLW).
Referência:
Brown A et al. Baby-Led Weaning: The Evidence to Date. Curr Nutr Rep (2017) 6:148–156.