Faltando poucos dias para a Semana Mundial de Aleitamento Materno, tivemos mais um episódio que representa a intolerância quanto à amamentação. Pamela Mendes, 21 anos, estudante e mãe de Lua (com 7 meses) foi hoje, 27 de julho, fazer sua matrícula na Universidade Nove de Julho, campus Vergueiro, para fazer sua matrícula no curso de Direito, o qual havia interrompido após o nascimento da sua filha.
Enquanto aguardava para ser atendida, sua filha começou a mostrar sinais de fome e, assim, a universitária preparou para amamentá-la. Diante de tal situação, a atendente da secretaria questionou se ela amamentaria e orientou que o fizesse no banheiro. Diante da óbvia recusa da mãe, que argumentou que não faria isso porque ninguém come no banheiro, a funcionária esclareceu que a cena constrangeria os alunos e outros que estavam no local. Diante da postura da atendente, houve discussão no local, gerando constrangimento de Pamela e sua filha, além da mãe relatar ter sido mal atendida no momento da matrícula, quando, inclusive, teve dificuldades para receber senha preferencial.
“Me senti maltratada, porque já bastam os meses que perdi por não poder levar minha filha recém-nascida para a universidade. Agora que ela não é tão pequena, eu não estava em sala de aula, foi solicitado pra sair do ambiente comum para que minha filha coma! Até quando eles vão tentar me anular e me diminuir como aluna, por amamentar?”, desabafa Pamela, em entrevista ao Maternidade Sem Neura. Em outro setor da Universidade, destinado à análise do seu currículo, a mãe refere ter sido bem acolhida, mesmo quando precisou amamentar sua filha.
É importante salientar que, no estado de São Paulo, segundo a lei 16.047, é assegurado à criança o direito ao aleitamento materno nos estabelecimentos de uso coletivo, públicos ou privados, mesmo que haja, no local, áreas segregadas para o aleitamento. A desobediência à lei acarreta ao infrator a aplicação de multa no valor de 24 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESPs).
Além da perda financeira, é importante a retratação da instituição perante a situação. Na tarde de sexta-feira, a assessora de imprensa da Universidade entrou em contato com o Maternidade Sem Neura, esclarecendo que a empresa não compartilharia de tal postura descrita por Pamela e sequer a localizavam em seus registros. Após a mãe fornecer todos os dados solicitados, ela foi reconhecida e, então, foi aberta sindicância. Também foi agendada reunião com a aluna. Em seguida, a Uninove emitiu a seguinte nota:
“A UNINOVE, instituição de ensino com mais de meio século de tradição, busca continuamente uma educação de qualidade, atestada por meio de iniciativas que ultrapassam a fronteira do ensino em sala de aula. Esses esforços resultam nos indicadores de avaliação do MEC, comprovando que seus cursos estão entre os melhores do país. A UNINOVE acredita que é pela educação que se transforma o indivíduo. Essa é a missão desta instituição, que elegeu a Inclusão Social como o seu mais importante e nobre objetivo. Inspirada nos princípios da Igualdade, da Justiça Social e da Solidariedade, verdadeiros pilares do Estado Democrático de Direito, refuta veementemente qualquer manifestação de intolerância e de discriminação, que não se coadunam com o país que pretendemos construir. Quanto ao evento relatado, a UNINOVE informa ter aberto sindicância interna para apuração, inclusive já entrou em contato com a aluna Pamela para esclarecimentos.”
Enquanto não há retratacao da instituição, mães organizam-se para realizar um mamaço em resposta à agressão que ambos sofreram.