BLW e Alimentação Complementar

BLW não tem mais risco de engasgo

Talvez o maior medo das pessoas com relação ao BLW é quanto ao risco de engasgo. Quem trabalha com BLW discute muito que o que realmente acontece no início da oferta dos alimentos é o gag reflex.  Não se trata de um engasgo (leia aqui a diferença entre eles). Mas, mesmo com muitas explicações, muitos ainda não se sentem convencidos.

Então, trago aqui dados de um estudo randomizado e controlado com 206 bebês saudáveis. Eles foram divididos entre um grupo que realizou o BLISS e outro que realizou a introdução alimentar tradicional. Esses bebês foram acompanhados até os 12 meses de idade. Esse trabalho foi publicado na conceituada revista internacional Pediatrics, em 2016.

Como resultados, os pesquisadores verificaram que 35% das crianças apresentaram um episódio de engasgo ao longo do primeiro ano de vida, sem diferença entre os grupos BLISS ou tradicional. Bebês que realizaram o BLISS apresentaram mais episódios de gag reflex aos 6 meses. Porém, aos 8 meses, o grupo BLISS apresenta menos gags do que o grupo tradicional. Ou seja, os episódios prevalecem no início da introdução alimentar e vão desaparecendo conforme o bebê se desenvolve e adquire habilidades com os alimentos.

Os pesquisadores concluem que a introdução realizada pelo BLW, incluindo os cuidados necessários para uma pática segura, não aumentam o risco de engasgo quando comparada à alimentação oferecida amassada e com uso de colher.

Porém, os pesquisadores fazem um alerta. As famílias precisam ser melhor orientadas com relação ao BLW.  Verificou-se que, aos 7 meses, por exemplo, 52% dos bebês receberam algum tipo de alimento considerado contraindicado.  Faz-se necessária, assim, melhor orientação profissional para que a introdução de sólidos seja realizada de forma segura a fim de evitar os engasgos.

Veja alguns cuidados de segurança com o BLW:

  • Somente inicie a oferta de alimentos quando o bebê estiver pronto,
  • O bebê precisa estar sentado adequadamente no momento da refeição (com o tronco na vertical),
  • O bebê come sozinho, mas NUNCA come desacompanhado,
  • Alimentos pequenos e lisos, como tomate cereja e uva, precisam ser cortados ao meio, no sentido do comprimento,
  • Alimentos pequenos e duros, como amendoim e pipoca, não devem ser oferecidos,
  • Maçãs e cenouras, que também são duras quando cruas, podem ser assadas ou cozidas,
  • Alimentos muito “massudos”, como pães com muito miolo também não são recomendados,
  • Nunca leve alimentos inteiros diretamente na boca do bebê.

 

Referência. Fangupo LJ et al. A baby-led approach to eating solids and risk of chocking. Pediatrics 2016; 138 (4).

 

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