A Mulher, a Maternidade e a Criança

A velada violência de gênero 

Nessa semana, foi divulgado um crime que assustou muita gente: uma garota foi estuprada por mais de 30 homens. O vídeo do crime foi parar na internet.Assustou pelo número. Pela exposição.

Só não vamos nos esquecer de que milhares de mulheres são violentadas diariamente: violência física ou mental, obstétrica, no trabalho, no nosso lazer…

E torna-se inevitável não trazer essa discussão no âmbito da maternidade. 


Depois do nascimento da Manu, minha tolerância com relação a situações que me violentem (ou violentem outras mulheres) caiu drasticamente. Com o crescimento da minha filha, cresce também a minha responsabilidade de lhe deixar mais segura onde quer que ela vá. Mas essa responsabilidade não pode ser só minha: é do seu pai, da sua escola, dos nossos vizinhos e amigos, da mídia, dos nossos governantes… Manu, Maria, Patrícia e todas outras não devem escolher suas roupas em função do julgamento dos outros. Nem devem ter medo de andar sozinha e encontrar um homem. Ou se sentir na obrigação de arrumar a casa por ser mulher e não por morar nela. 

Temos que ensinar essas meninas o que significa igualdade de gênero, a não ficarem quietas quando desrepeitadas, a argumentar, a defenderem umas às outras. E temos que ensinar também os nossos meninos. Que menina não é frágil nem princesa, mas também não é um acessório ou incapaz. Que ela gosta de jogar futebol e brincar de carrinho. Que quando ela fala “não”, ela está falando “não”. E quando pede para parar, é para você imediatamente parar. 

O estupro dessa menina pode parecer muito longe de você e da sua família. Mas ele é fruto de pequenos atos que todos nós compartilhamos, em maior ou menor grau, na nossa rotina. Quantas vezes vimos uma menina ser assediada “de leve” com palavras e olhares e ficamos quietas? Quantas vezes já julgamos uma mulher pela sua roupa? Quantas vezes aplaudimos um pai que troca as fraldas do seu próprio filho? Ou culpamos a mãe pela criação do filho (quando algo dá errado)? 

A lista é imensa e assumo que já realizei cada um desses atos… O que está em jogo não é se isentar da culpa ou se criminalizar. A ideia, mais do que nunca, é ser um agente da mudança nas nossas casas, comunidades, trabalho, igreja… Mulheres e homens defendendo a igualdade de gênero e tornando-a uma realidade! A violência não deixará de existir, mas é inadmissível sermos violentadas por sermos mulheres.
 

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