A Mulher, a Maternidade e a Criança

Não trate seu filho como um coitado

Uma das coisas que me irritam na maternidade (e não me dava conta antes), era chamar uma criança de coitada. Vejo inúmeros motivos para nomearmos os pequenos assim: porque ele “não pode” comer doce, porque caiu e se machucou, porque ainda não fala igual aos seus amiguinhos, porque tem algum problema de saúde ou deficiência física…

Enfim, vamos definir um “coitado”. Segundo o dicionário, é aquele ser limitado, passível de dó devido ao seu perfil.

Estamos assumindo que nossos filhos são assim e, ainda mais, estamos dizendo para eles que eles de fato são inferiores? Imagino que, nesse momento, você possa pensar que estou sendo drástica, pois ninguém usa um “tadinho” com tamanha maldade. Concordo com você! Não temos a intenção de sermos ruins, mas, implicitamente, estamos dando o recado. Coloque-se no lugar: você gostaria de ser olhado como um coitado por estar acima do peso, por não saber dançar ou por não estar namorando? Esses não são defeitos seus. São suas características e, mesmo que você tenha plano para mudá-las, é muito incômodo ter em volta as pessoas te chamando de incapaz.coitado2

 

Eu tenho uma filha alérgica e devo ter ouvido dezenas de vezes a expressão de “coitada” por ela não poder comer qualquer coisa. Porém, no nosso dia a dia, tratamos essa restrição alimentar dela sem grandes alardes e raramente a vejo desconfortável por não poder algo que tenha leite. Sinceramente, acho que esse desconforto foi muito mais meu do que dela. E não basta somente deixar de chamá-la de coitada, mas deixar de tratar como tal. Lembro de algumas experiências de refeições com outras crianças, onde eu não tinha controle de tudo que estava sendo oferecido, e que foram extremamente negativas para mim. Chegava em casa com um nó na garganta por causa de um biscoito ou um bolo que a minha filha não pôde comer (e, novamente, ela nunca fez grandes manifestações por causa de alimentos). Ficava assim porque, na verdade, estava tratando a Manu como coitada. Bem devagar, lido bem melhor com isso. Acho que, por ela já ter dois anos, consigo explicar (de uma forma bem simples) a sua restrição e ela se mostra receptiva e compressiva.

Deixar de achar que nossos filhos são coitadinhos pode até ser uma forma de mantê-los dependentes de nós quando eles poderiam dar um passo à frente. Mas, convenhamos, eles são muito capazes e conseguem feitos que subestimamos. Inferiorizar nossos pequenos, mesmo que seja de forma carinhosa e cheia de bons sentimentos, não os ajudará a crescer!

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